quinta-feira, abril 05, 2012

Quinta-feira Santa - - Eucaristia: Sacramento do amor

Quinta-feira Santa - - Eucaristia: Sacramento do amor
Por: Dom Eduardo Koaik
Bispo Emérito de Piracicaba
 

 
A celebração da Semana Santa encontra seu ápice no Tríduo Pascal, que compreende a Quinta-feira Santa, a sexta-feira da paixão e morte do Senhor e a solene Vigília Pascal, no sábado à noite. Esses três dias formam uma grande celebração da páscoa memorial da paixão, morte e ressurreição de Jesus.

A liturgia da Quinta-feira Santa nos fala do amor, com a cerimônia do Lava-pés, a proclamação do novo mandamento, a instituição do sacerdócio ministerial e a instituição da Eucaristia, em que Jesus se faz nosso alimento, dando-nos seu corpo e sangue. É a manifestação profunda do seu amor por nós, amor que foi até onde podia ir: "Como Ele amasse os seus amou-os até o fim".


A Eucaristia é o amor maior, que se exprime mediante tríplice exigência: do sacrifício, da presença e da comunhão. O amor exige sacrifício e a Eucaristia significa e realiza o sacrifício da cruz na forma de ceia pascal. Nos sinais do pão e do vinho, Jesus se oferece como Cordeiro imolado que tira o pecado do mundo: "Ele tomou o pão, deu graças, partiu-o e distribuiu a eles dizendo: isto é o meu Corpo que é dado por vós.


Fazei isto em memória de ' mim. E depois de comer, fez o mesmo com o cálice dizendo: Este cálice é a nova aliança em meu sangue, que é derramado por vós" (Lc 22,19-20). Pão dado, sangue derramado pela redenção do mundo. Eis aí o sacrifício como exigência do amor.


O amor, além do sacrifício, exige presença. A Eucaristia é a presença real do Senhor que faz dos sacrários de nossas Igrejas centro da vida e da oração dos fiéis.


A fé cristã vê no sacrário de nossas igrejas a morada do Senhor plantada ao lado da morada dos homens, não os deixando órfãos, fazendo-lhes companhia, partilhando com eles as alegrias e as tristezas da vida, ensinando-lhes o significado da verdadeira solidariedade: "Estarei ao lado de vocês como amigo todos os momentos da vida". Eis a presença, outra exigência do amor.


A Eucaristia, presença real do Amigo no tabernáculo de nossos templos, tem sido fonte da piedade popular como demonstra o hábito da visita ao Santíssimo e da adoração na Hora Santa. Impossível crer nessa presença e não acolhê-la nas situações concretas do dia-a-dia.


Vida eucarística é vida solidária com os pobres e necessitados. Não posso esquecer a corajosa expressão de Madre Teresa de Calcutá que, com a autoridade do seu impressionante testemunho de dedicação aos mais abandonados da sociedade, dizia: "A hora santa diante da Eucaristia deve nos conduzir até a hora santa diante dos pobres. Nossa Eucaristia é incompleta se não levar-nos ao serviço dos pobres por amor."


O amor não só exige sacrifício e presença, mas exige também comunhão. Na intimidade do diálogo da última Ceia, Jesus orou com este sentimento de comunhão com o Pai e com os seus discípulos: "Que todos sejam um, como tu, Pai, estás em mim e eu em ti... que eles estejam em nós" (Jo 17,20-21).


Jesus Eucarístico é o caminho que leva a esta comunhão ideal. Comer sua carne e beber seu sangue é identificar-se com Ele no modo de pensar, nos senti mentos e na conduta da vida. Todos que se identificam com Ele passam a ter a mesma identidade entre si: são chamados de irmãos seus e o são de verdade, não pelo sangue, mas pela fé. Eucaristia é vida partilhada com os irmãos. Eis a comunhão como exigência do amor.


Vida eucarística é amar como Jesus amou. Não é simplesmente amar na medida dos homens o que chamamos de filantropia. É amar na medida de Deus o que chamamos de caridade. A caridade nunca enxerga o outro na posição de inferioridade. É a capacidade de sair de si e colocar-se no lugar do outro com sentimento de compaixão, ou seja, de solidariedade com o sofrimento do outro. Caridade é ter com o outro uma relação de semelhança e reconhecer-se no lugar em que o outro se encontra...


Na morte redentora na cruz, Cristo realiza a suprema medida da caridade "dando sua vida" e amando seus inimigos no gesto do perdão: "Pai, perdoai-lhes pois eles não sabem o que fazem." A Eucaristia não deixa ficar esquecido no passado esse gesto, que é a prova maior do amor de Deus por nós. Para isso, deixa-nos o mandamento: "Façam isso em minha memória".


Caridade solidária é o gesto de descer até o necessitado para tirá-lo da sua miséria e trazê-lo de volta a sua dignidade. A Eucaristia é o gesto da caridade solidária de Deus pela humanidade. "Eu sou o Pão da vida que desceu do céu. Quem come deste Pão vencerá a morte e terá vida para sempre".

Quinta-Feira Santa


A Quinta-feira Santa ou Quinta-feira de Endoenças é a quinta-feira imediatamente anterior à Sexta-feira da Paixão, da Semana Santa.

Este dia marca o fim da Quaresma e o inicio do Tríduo pascal na celebração que relembra a ultima ceia de Jesus Cristo com os doze Apóstolos.

Liturgia da Quinta-Feira de Endoenças

Os ofícios da Semana Santa chegam à sua máxima relevância litúrgica na Quinta-Feira de Endoenças, quando começa o chamado tríduo pascal, culminante na vigília que celebra, na noite do Sábado de Aleluia, a ressurreição de Jesus Cristo ao Domingo.
Na Missa dos Santos Óleos ou Missa do Crisma, a Igreja celebra a instituição do Sacramento da Ordem e a bênção dos santos óleos usados nos sacramentos do Batismo, do Crisma e da Unção dos Enfermos, e os sacerdotes renovam as suas promessas. De entre os ofícios do dia, adquire especial relevância simbólica o lava-pés, realizado pelo sacerdote em memória do gesto de Cristo para com os seus apóstolos antes da última ceia.

História

Na Quinta-Feira de Endoenças, Cristo ceou com seus apóstolos, seguindo a tradição judaica do Sêder de Pessach, já que segundo esta deveria cear-se um cordeiro puro; com o seu sangue, deveria ser marcada a porta em sinal de purificação; caso contrário, o anjo exterminador entraria na casa e mataria o primogênito dessa família (décima praga), segundo o relatado no livro do Êxodo. Nesse livro, pode ler-se que não houve uma única família de egípcios na qual não tenha morrido o primogênito, pelo que o faraó permitiu que os judeus abandonassem do Egito, e eles correram o mais rápido possível à sua liberdade; o faraó rapidamente se arrependeu de tê-los deixado sair, e mandou o seu exército em perseguição dos judeus, mas Deus não permitiu e, depois de os judeus terem passado o Mar Vermelho, fechou o canal que tinha criado, afogando os egípcios. Para os católicos, o cordeiro pascoal de então passou a ser o próprio Cristo, entregue em sacrifício pelos pecados da humanidade e dado como alimento por meio da hóstia.

Oração das Vésperas - Liturgia das Horas

TRÍDUO PASCAL
DA PAIXÃO E RESSURREIÇÃO DO SENHOR

QUINTA-FEIRA, NA CEIA DO SENHOR

Vésperas
Hoje rezam as Vésperas somente os que não participam da Missa vespertina da Ceia do Senhor.
Hino
Memória da morte
de Cristo Senhor,
Pão vivo, que ao homem
dá vida e valor,
fazei-me viver
de vossa ternura,
sentindo nos lábios
a vossa doçura.

Fiel pelicano,
Jesus, meu Senhor,
lavai-me no sangue,
a mim pecador;
pois dele uma gota
já salva e redime
a todo o Universo
dos laços do crime.

Enfim, contemplando
na glória dos céus
o vosso semblante,
sem sombras nem véus,
irei bendizer-vos,
Jesus, Sumo Bem,
ao Pai e ao Espírito
nos séculos. Amém.

Salmodia

Ant. 1 O Primogênito dos mortos e Rei dos reis da terra,
fez de nós para o seu Pai um reino e sacerdócio.

Salmo 71(72)
O poder régio do Messias Abriram seus cofres e ofereceram-lhe presentes: ouro, incenso e mirra (Mt 2,11).

I 1 Dai ao Rei vossos poderes, Senhor Deus, *
vossa justiça ao descendente da realeza!
–2 Com justiça ele governe o vosso povo, *
com eqüidade ele julgue os vossos pobres.

3 Das montanhas venha a paz a todo o povo, *
e desça das colinas a justiça!
=4 Este Rei defenderá os que são pobres, †
os filhos dos humildes salvará, *
e por terra abaterá os opressores!

5 Tanto tempo quanto o sol há de viver, *
quanto a lua através das gerações!
6 Virá do alto, como o orvalho sobre a relva, *
como a chuva que irriga toda a terra.

7 Nos seus dias a justiça florirá *
e grande paz, até que a lua perca o brilho!
8 De mar a mar estenderá o seu domínio, *
e desde o rio até os confins de toda a terra!

9 Seus inimigos vão curvar-se diante dele, *
vão lamber o pó da terra os seus rivais.
10 Os reis de Társis e das ilhas hão de vir *
e oferecer-lhes seus presentes e seus dons;

– e também os reis de Seba e de Sabá *
hão de trazer-lhe oferendas e tributos.
11 Os reis de toda a terra hão de adorá-lo, *
e todas as nações hão de servi-lo.

– Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. *
Como era no princípio, agora e sempre. Amém.

Ant. O Primogênito dos mortos e Rei dos reis da terra,
fez de nós para o seu Pai um reino e sacerdócio.

Ant. 2 O Senhor libertará o infeliz do prepotente,
e o pobre salvará ao qual ninguém quer ajudar.

II
12 Libertará o indigente que suplica, *
e o pobre ao qual ninguém quer ajudar.
13 Terá pena do indigente e do infeliz, *
e a vida dos humildes salvará.

14 Há de livrá-los da violência e opressão, *
pois vale muito o sangue deles a seus olhos!
=15 Que ele viva e tenha o ouro de Sabá! †
Hão de rezar também por ele sem cessar, *
bendizê-lo e honrá-lo cada dia.

16 Haverá grande fartura sobre a terra, *
até mesmo no mais alto das montanhas;
– as colheitas florirão como no Líbano, *
tão abundantes como a erva pelos campos!

17 Seja bendito o seu nome para sempre! *
E que dure como o sol sua memória!
– Todos os povos serão nele abençoados, *
todas as gentes cantarão o seu louvor!

18 Bendito seja o Senhor Deus de Israel, *
porque só ele realiza maravilhas!
19 Bendito seja o seu nome glorioso! *
Bendito seja eternamente! Amém, amém!

– Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. *
Como era no princípio, agora e sempre. Amém.

Ant. O Senhor libertará o infeliz do prepotente,
e o pobre salvará ao qual ninguém quer ajudar.

Ant. 3 Triunfaram pelo sangue do Cordeiro
e o testemunho que eles deram da Palavra.

Cântico Ap 11,17-18; 12,10b-12a
O julgamento de Deus
11,17 Graças vos damos, Senhor Deus onipotente, *
a Vós que sois, a Vós que éreis e sereis,
– porque assumistes o poder que vos pertence, *
e enfim tomastes posse como rei!

(R. Nós vos damos graças, nosso Deus!)

= 18As nações se enfureceram revoltadas, †
mas chegou a vossa ira contra elas *
e o tempo de julgar vivos e mortos,
= e de dar a recompensa aos vossos servos, †
aos profetas e aos que temem vosso nome, *
aos santos, aos pequenos e aos grandes. (R.)

=12,10 Chegou agora a salvação e o poder †
a realeza do Senhor e nosso Deus, *
e o domínio de seu Cristo, seu Ungido.
– Pois foi expulso o delator que acusava *
nossos irmãos, dia e noite, junto a Deus. (R.)
= 11 Mas o venceram pelo sangue do Cordeiro †
e o testemunho que eles deram da Palavra, *
pois desprezaram sua vida até à morte.
12 Por isso, ó céus, cantai alegres e exultai *
e vós todos os que neles habitais! (R.)

– Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. *
Como era no princípio, agora e sempre. Amém. (R.)

Ant. Triunfaram pelo sangue do Cordeiro
e o testemunho que eles deram da Palavra.

Leitura breve Hb 13,12-15
Jesus sofreu do lado de fora da porta, para santificar o povo pelo seu próprio sangue. Vamos,
portanto, sair ao seu encontro, fora do acampamento, carregando a sua humilhação. Porque não
temos aqui cidade permanente, mas estamos à procura daquela que está para vir. Por meio de
Jesus, ofereçamos a Deus um perene sacrifício de louvor, isto é, o fruto dos lábios que celebram
o seu nome.

Em lugar do responsório se diz:
Ant. Jesus Cristo se humilhou e se fez obediente,
obediente até à morte.

Cântico evangélico (MAGNIFICAT) Lc 1,46-55
Ant. Na ceia derradeira, Jesus tomou o pão,
deu graças e o partiu e o deu a seus discípulos.

A alegria da alma no Senhor

46 A minha alma engrandece ao Senhor *
47 e exulta meu espírito em Deus, meu Salvador;
48 porque olhou para humildade de sua serva, *
doravante as gerações hão de chamar-me de bendita.

49 O Poderoso fez em mim maravilhas *
e Santo é o seu nome!
50 Seu amor para sempre se estende *
sobre aqueles que o temem;

51 manifestou o poder de seu braço, *
dispersou os soberbos;
52 derrubou os poderosos de seus tronos *
e elevou os humildes;

53 saciou de bens os famintos, *
despediu os ricos sem nada.
54 Acolheu Israel, seu servidor, *
fiel ao seu amor,

55 como havia prometido a nossos pais, *
em favor de Abraão e de seus filhos, para sempre.

– Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. *
Como era no princípio, agora e sempre. Amém.

Ant. Na ceia derradeira, Jesus tomou o pão,
deu graças e o partiu e o deu a seus discípulos.

Preces
Adoremos o nosso Salvador, que durante a última Ceia com os seus discípulos, na noite em que
foi entregue, deixou à Igreja o memorial perene de sua Paixão e Ressurreição. Oremos,
dizendo:

R. Santificai, Senhor, o povo que remistes com vosso sangue!
Jesus, nosso Redentor, concedei que, pela penitência, nos associemos cada vez mais plenamente à vossa Paixão,
a fim de alcançarmos a glória da ressurreição.R.
Acolhei-nos sob a proteção de Maria,vossa Mãe, consoladora dos aflitos,
para podermos confortar os tristes como mesmo auxílio que de vós recebemos. R.

Concedei aos vossos fiéis a graça de tomar parte na vossa Paixão por meio dos sofrimentos da vida,
para que também neles se manifeste a vossa salvação. R.
Senhor Jesus, que vos humilhastes na obediência até à morte e morte de cruz,
ensinai-nos a ser obedientes e a sofrer com paciência. R.

(intenções livres)
Tornai os corpos de nossos irmãos e irmãs falecidos semelhantes à imagem do vosso corpo glorioso,
e fazei-nos dignos de participar, um dia, com eles, da vossa glória. R.
Pai nosso.

Oração
Ó Deus, que para a vossa glória e nossa salvação constituístes Jesus Cristo sumo e eterno
sacerdote, concedei ao vosso povo, resgatado por seu Sangue, que, ao celebrar o memorial de
sua Paixão, receba a força redentora de sua cruz e ressurreição. Por nosso Senhor Jesus Cristo,
vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Conclusão da Hora

O Senhor nos abençoe,
nos livre de todo o mal
e nos conduza à vida eterna. Amém.