quarta-feira, março 07, 2012

Corte Constitucional inventa nova cláusula para permitir o aborto na Colômbia

Bogotá, 07 mar (SIR) - Numa nova sentença, a Corte Constitucional da Colômbia decidiu que a opinião de uma gestante sobre seu estado de saúde pode justificar um aborto, ampliando sua prática aos nove meses de gestação e nega aos médicos o direito à objeção de consciência ante este procedimento.

Conforme informa a imprensa colombiana, no dia 28 de fevereiro a Corte rejeitou o pedido de nulidade que o Procurador geral da Nação, Alejandro Ordóñez, apresentou contra uma sentença que a mesma Corte deu a fins de 2011 para justificar um aborto fora das três cláusulas aprovadas por este organismo em 2006, quando foi liberalizado o aborto em casos de estupro, má formação do bebê ou perigo para a vida da mãe.
 A Corte Constitucional validou o pedido de aborto que em maio de 2011 foi feito pela mãe de uma menor de 12 anos de idade, grávida de seu namorado de 16 anos, às 14 semanas de gestação. A mãe solicitou o aborto para sua filha em um centro de saúde alegando que a menor atravessava um quadro de ansiedade. Os médicos se negaram a praticar o aborto amparando-se no fato que a gravidez não supunha risco para a vida da gestante, mas agora, depois da sentença da Corte, terão que indenizar a família por não ter feito a prática anti-vida.

Alcances da sentença

A nova sentença dá ao aborto a categoria de "direito fundamental", obrigando qualquer empresa prestadora de saúde católica ou não, a realizar os abortos sem possibilidade de se amparar no direito à objeção de consciência em um prazo máximo de cinco dias; proíbe aos centros de saúde de exigir cópia de uma denúncia penal (Boletim de Ocorrência) à mulher que alegue que a gravidez foi fruto de um delito de estupro.
Obriga também os centros a aceitarem certificados de risco para a saúde ou a vida da mulher vindo de qualquer médico ou hospital fora de sua rede; elimina o limite de tempo para o aborto; proíbe os centros de darem informação sobre um processo ou solicitude de aborto a qualquer um, nem mesmo à a Procuradoria ou ao Ministério Público; e obriga o pagamento de uma indenização às mulheres a quem foi negada a prática de um aborto. A Sala Plena da Corte Constitucional aprovou a sentença com cinco votos dos oito juízes presentes (o nono esteve ausente na ocasião) e proibiu "que no futuro se investiguem possíveis irregularidades nos expedientes de aborto", negando esta faculdade à Procuradoria Geral da Nação.
Os três juízes que se opuseram à sentença Nilson Pinilla Pinilla, Jorge Ignacio Pretel Chaljub e Gabriel Eduardo Mendoza. Estes magistrados consideram que os juízes que apoiaram a sentença cometem um engano jurídico com uma sentença que viola a Constituição colombiana e que na prática, liberaliza totalmente o aborto, deixando em completo desamparo os não-nascidos. Mendoza recordou que no caso da menor "nenhum médico nem nenhum outro profissional da saúde validou, asseverou, sugeriu, nem muito menos certificou que, de algum modo, a vida ou a saúde da gestante, por sua condição de tal, corria um risco se continuava a sua gravidez", por isso a sentença da Corte desconhece o ordenamento legal e constitucional que rege o país e que consider a o aborto como delito fora das três cláusulas já mencionadas.
Por sua parte, Pretel Chaljub considerou que a sentença da Corte "traduz-se em um grave antecedente que abre as portas para converter a Colômbia em um país abortista que dá pouco valor ao direito à vida e que desconhece a autonomia da profissão médica", enquanto "cria uma nova cláusula para proceder a interromper a gravidez, ou seja, a opinião da mãe sobre seu estado de saúde". O magistrado Pinilla coincidiu em que esta sentença estabelece uma quarta hipótese não prevista nas exceções para o aborto legal, "e elevou à categoria de direito fundamental a prática do mesmo, desconhecendo totalmente os direitos do ser humano não nascido".
Em declarações à imprensa, o Secretário Geral da Conferência Episcopal Colombiana, Dom Juan Vicente Córdoba, assinalou que "não tudo que é legal é moral, então porque quando se aprova qualquer lei o ato, em si, se torna moral. Isto não é assim. Neste caso a Igreja não está de acordo com o aborto em nenhum momento e a vida deve ser respeitada desde a concepção até a morte natural". O Prelado defendeu o direito à objeção de consciência dos médicos e disse que ninguém tem direito a obrigar um profissional a realizar um aborto.

Noticias - Religião

Funeral de Lucio Dalla: a Igreja é hipócrita?

A Igreja uma casa acolhedora. Retratá-la como perenemente sombria e "hipócrita", porque somos perenemente vítimas de um complexo de inferioridade muito "de esquerda", é uma tolice, além de uma injustiça lexical e conceitual. Confira a análise do jornalista e político italiano Mario Adinolfi.

Marco Alemanno faz a oração de despedida no funeral de Lucio Dalla. (Foto: Arquivo)
Achei verdadeiramente fora de propósito o artigo desta segunda-feira de Michele Serra elogiando o "véu de hipocrisia rasgado", porque no funeral de Lucio Dalla a Igreja permitiu que o "viúvo" Marco Alemanno expressasse a sua dor publicamente durante as exéquias bolonhesas. Fora de propósito nos tons e nos conteúdos. Fora de propósito porque a Igreja nunca vetou a expressão da dor nos funerais, nunca proclamou editos contra a dor homossexual, nunca foi hipócrita nesse delicado território.

Ao contrário, sempre foi muito clara. Ela repete regras. Foram repetidas também por Mons. Cavina durante o funeral de Dalla, e Serra não deixou de notar e de ridicularizá-lo por isso. As regras são banais, talvez, mas não hipócritas: não pode se aproximar à Eucaristia quem está em pecado mortal, quem vive em "desordem". Portanto, um homossexual que não renuncia a esse comportamento sexual que, para a Igreja, está fora da ordem natural, não pode fazer a comunhão.

Marco Alemanno não pode fazê-la, nem eu não posso fazê-la, por ser divorciado e amar outra pessoa. A mim também a Igreja veta a Eucaristia: é uma regra, eu a aceito, quando vou à missa evito fazer a comunhão. Onde está a hipocrisia da Igreja? É de uma clareza que quase dá medo, repete as suas regras mesmo diante de 50 mil pessoas que acorreram a um funeral muito pop, veta até que se cantem as canções do falecido.

Quanta beleza há nessas clarezas, caro Serra. Há realmente toda essa necessidade de colocá-la na berlinda? De ridicularizar o gesto amoroso e acolhedor de não vetar o acesso ao altar do companheiro de Lucio Dalla, demonstrando mais uma vez (se ainda fosse necessário) que se é mais caridoso na sua concretude?

A Igreja é um último baluarte. O desafio contínuo que é inventado pela esquerda para tentar manchá-la é enjoativo e até mesmo perdedor. No fim dos jogos, todos nos encontramos aí: não há mais casas do povo e seções do partido. Há uma Igreja, e nos encontramos ali, pela alegria de um batismo, de uma primeira comunhão, de um casamento e pela dor de um último adeus.

Reencontramo-nos todos ali, antes ou depois, porque é a única casa que ficou confiavelmente de pé para muitíssimos, senão para quase todos. É uma casa acolhedora. Retratá-la como perenemente sombria e "hipócrita", porque somos perenemente vítimas de um complexo de inferioridade muito "de esquerda", é uma tolice, além de uma injustiça lexical e conceitual.

Sim, a Igreja tem regras; o clube do Mickey também tem. Se você as respeita, faça a comunhão. Caso contrário, não. Está tudo aí. Depois, há amor e acolhida, concreta, para todos. Para Marco Alemanno e a sua dor, assim como para os últimos da terra.

Chega de ideologismos anticlericais, chega de bandeiras hasteadas para que um asilo de irmãs pague impostos, asilo que corre o risco de fechar por causa dessas pesadas taxas.

Olhemos para a Igreja, particularmente para a Igreja italiana, com o devido respeito. O crescimento da esquerda se alimentará com isso, que, talvez muito lentamente, se libertará do seu complexo de inferioridade.
Jornal Europa, 06-03-2012. Tradução IHU-Unisinos
Mario Adinolfi

Leitura Breve Ez,18,30b-32

Leitura breve Ez 18,30b-32
Arrependei-vos, convertei-vos de todas as vossas transgressões, a fim de não terdes ocasião de
cair em pecado. Afastai-vos de todos os pecados que praticais. Criai para vós um coração novo
e um espírito novo. Por que haveis de morrer, ó casa de Israel? Pois eu não sinto prazer na
morte de ninguém – oráculo do Senhor Deus. Convertei-vos e vivereis!

V. Criai em mim um coração que seja puro.
R. Dai-me de novo um espírito decidido!