quarta-feira, novembro 06, 2013

O amor deve ser o compromisso principal da nossa vida, deve ser o empenho que move as forças do nosso coração e da nossa alma.

“Irmãos, não ficais devendo nada a ninguém, a não ser o amor mútuo – pois quem ama o próximo está cumprindo a Lei” (Rm 13,8).
Queridos irmãos e irmãs, a liturgia de hoje nos convida a duas realidades. A primeira é a realidade do amor; a segunda, do desapego para ser livre para o Reino de Deus. É possível vivermos as duas coisas? É possível e precisamos vivê-las intensamente. Não podemos negar nem dever nosso amor a ninguém; aliás, é uma dívida que nós sempre teremos uns para com os outros, porque se nós amamos, ainda não amamos o bastante. Precisamos amar com mais intensidade o nosso próximo.
Essa deve ser a nossa única dívida, a qual devemos, a cada dia, nos empenharmos em saldá-la. Saldar aquelas dívidas que nós temos de atenção para com o outro – alguém que precisamos visitar, que precisamos perdoar, nos fazer presente na vida dessa outra pessoa. Como precisamos viver com intensidade esse amor ao próximo, esse amor ao irmão!
O amor deve ser o compromisso principal da nossa vida, deve ser o empenho que move as forças do nosso coração e da nossa alma. Mas para que possamos viver a intensidade desse amor, devemos amar a Deus acima de todas as coisas. Se alguém quer amar o Senhor, mas ama seu pai, sua mãe, sua esposa, seus filhos e até a sua própria vida mais do que ama a Deus, não pode se tornar discípulo do Senhor.
Nós perguntamos assim: Precisamos deixar de amar os nossos? Não. É o contrário. Nós temos é que aprender amar os nossos com amores que vem do coração de Deus. Então, precisamos, primeiro, renunciar esse amor pegajoso, o qual, muitas vezes, nos mantêm dependentes demais uns dos outros e não nos permite crescer. Temos de nos encher do amor de Deus, porque quando amamos o próximo – nosso pai, nossa mãe, amamos aqueles que Deus colocou em nossa vida. Com esse amor que vem do Senhor, amamos com mais intensidade, com mais verdade, com mais caridade. Esse amor não será tão doentio, não nos deixará escravos, não nos deixará tão dependente.
É verdade que precisamos nos dedicar para cuidar dos nossos. A mulher tem que amar intensamente o seu marido e vice-versa, os pais têm que amar seus filhos e estes amar seus pais, e nós temos de nos amar uns aos outros, cada um na sua medida e proporção. A mulher não pode nunca deixar de cuidar da sua casa, do seu marido; e o marido não pode trocar nenhum outro amor pelo amor da sua esposa, pois este amor é sacramentado em Deus.
Pai, mãe, vocês amarão melhor, terão forças para amar o seu companheiro ou a sua companheira com esse amor que vem do coração de Deus, porque o amor humano é muito limitado, se machuca com muita facilidade, rompe-se com certa banalidade. Mas quando nos enchemos, nos preenchemos com o amor que vem do coração de Deus, o nosso amor se torna mais intenso, mais vivo e mais autêntico.
Que nós hoje nos enchamos do amor de Deus para nos amarmos uns aos outros.
Deus abençoe você!

SANTO DO DIA: SÃO NUNO DE SANTA MARIA

Nuno Álvares Pereira nasceu em Portugal a 24 de Junho de 1360, e recebeu a educação cavalheiresca típica dos filhos das famílias nobres do seu tempo.
Aos treze anos torna-se pajem da rainha D. Leonor, tendo sido bem recebido na Corte e acabando por ser pouco depois cavaleiro. Aos dezesseis anos casa-se, por vontade de seu pai, com uma jovem e rica viúva, D. Leonor de Alvim.
Da sua união nascem três filhos, dois do sexo masculino, que morrem em tenra idade, e uma do sexo feminino, Beatriz, a qual mais tarde viria a desposar o filho do rei D. João I, D. Afonso, primeiro duque de Bragança.
Quando o rei D. Fernando I morreu a 22 de Outubro de 1383 sem ter deixado filhos varões, o seu irmão D. João, Mestre de Avis, viu-se envolvido na luta pela coroa lusitana, que lhe era disputada pelo rei de Castela por ter desposado a filha do falecido rei.
Nuno tomou o partido de D. João, o qual o nomeou Condestável, isto é, comandante supremo do exército. Nuno conduziu o exército português repetidas vezes à vitória, até se ter consagrado na batalha de Aljubarrota (14 de Agosto de 1385), a qual acaba por determinar à resolução do conflito.
Os dotes militares de Nuno eram no entanto acompanhados por uma espiritualidade sincera e profunda. O amor pela Eucaristia e pela Virgem Maria são os alicerces da sua vida interior.
O estandarte que elegeu como insígnia pessoal traz as imagens do Crucificado, de Maria e dos cavaleiros S. Tiago e S. Jorge. Fez ainda construir às suas próprias custas numerosas igrejas e mosteiros, entre os quais se contam o Carmo de Lisboa e a Igreja de S. Maria da Vitória, na Batalha.
Com a morte da esposa, em 1387, Nuno recusa contrair novas núpcias, tornando-se um modelo de pureza de vida. Quando finalmente alcançou a paz, distribui grande parte dos seus bens entre os seus companheiros, antigos combatentes, e acaba por se desfazer totalmente daqueles em 1423, quando decide entrar no convento carmelita por ele fundado, tomando então o nome de frei Nuno de Santa Maria.
Impelido pelo amor, abandona as armas e o poder para revestir-se da armadura do Espírito recomendada pela Regra do Carmo: era a opção por uma mudança radical de vida em que sela o percurso da fé autêntica que sempre o tinha norteado.
O Condestável do rei de Portugal, o comandante supremo do exército e seu guia vitorioso, o fundador e benfeitor da comunidade carmelita, ao entrar no convento recusa todos os privilégios e assume como própria a condição mais humilde, a de frade Donato, dedicando-se totalmente ao serviço do Senhor, de Maria — a sua terna Padroeira que sempre venerou—, e dos pobres, nos quais reconhece o rosto de Jesus.
Significativo foi o dia da morte de frei Nuno de Santa Maria, aos 71 anos de idade. Era o Domingo de Páscoa, dia 1 de Abril de 1431. Após sua morte, passou imediatamente a ser reputado de “santo” pelo povo, que desde então o começa a chamar “Santo Condestável”.
Nuno Álvares Pereira foi beatificado em 23 de Janeiro de 1918 pelo Papa Bento XV através do Decreto “Clementíssimus Deus” e foi consagrado o dia 6 de Novembro ao, então, beato.
O Santo Padre, Papa Bento XVI, durante o Consistório de 21 de Fevereiro de 2009 determina que o Beato Nuno seja inscrito no álbum dos Santos no dia 26 de Abril de 2009.
São Nuno de Santa Maria, rogai por nós!