domingo, setembro 29, 2013

NÃO CONSTRUA SUA RIQUEZA EM CIMA DA MISÉRIA ALHEIA. REFLEXÃO DESTE DOMINGO: 29/09/2013

Onde vivemos, há ricos cada vez mais ricos e pobres cada vez mais pobres. Muitas vezes, a riqueza de alguns é construída em cima da miséria de muitos.
“Filho lembra-te que tu recebeste teus bens durante a vida e Lázaro, por sua vez , os males. Agora, porém, ele encontra aqui consolo e tu és atormentado” (Lc 16,25).
Um dos Evangelhos que relata, de forma muito clara, o drama que vive a comunidade desde os seus primórdios. O Evangelho nos mostra duas realidades. De um lado, a do rico que tudo tem, que tudo pode, que esbanja dos bens que tem, das posses, do dinheiro e de tudo aquilo que as riquezas podem dar a uma pessoa. E do outro lado, o pobre Lázaro praticamente miserável, que vive das misérias, da boa vontade das pessoas quando lhe dão algo para comer ou para poder sobreviver, de modo que ele vive jogado nas ruas, até os cachorros lambiam suas feridas.
No mundo em que nós vivemos, existem muitos ricos como no Evangelho de hoje; não existe pecado nenhum em ser rico, não existe mal nenhum em ter bens, em trabalhar honestamente, em adquirir posses e riquezas. O único mal é quando você olha a riqueza pela riqueza, faz dela o seu triunfo e coloca nela o sentido da sua vida, e você não pode olhar mais além; e pior ainda quando você se torna rico e não se lembra dos pobres.
Onde vivemos, há ricos cada vez mais ricos e pobres cada vez mais pobres. Muitas vezes, a riqueza de alguns é construída em cima da miséria de muitos.
Muitas vezes, o rico não se lembra de tratar com dignidade, com respeito e até promover a dignidade daqueles que estão sofrendo na miséria; por isso o Evangelho de hoje apresenta para nós o destino final da humanidade. O rico que vai sofrer os tormentos do inferno e o pobre que vai receber o consolo de Deus. Lá, o rico vai pedir o consolo ao pobre para vir em seu socorro, mas Abraão, representando o pai eterno, diz que é um abismo que separa quem está no céu de quem está no inferno.
Hoje, pobres e ricos podem conviver juntos pelo menos no mesmo planeta. É óbvio que um abismo social enorme os separa. É nosso papel, é nosso dever em cima daquilo que nos ensina o Evangelho, a Doutrina Social da Igreja. Trabalharmos e nos empenharmos, cada vez mais, para que a pobreza desapareça e para que menos pessoas passem por necessidades. Cuidemos dos pobres, porque a carne dos pobres, desprezados e sofridos, é a carne do próprio Jesus.
Deus abençoe você!

Evangelho (Lc 16,19-31) 29/09/2013



— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— PROCLAMAÇÃO do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Lucas.
— Glória a vós, Senhor!
Naquele tempo, Jesus disse aos fariseus: “19Havia um homem rico, que se vestia com roupas finas e elegantes e fazia festas esplêndidas todos os dias.
20Um pobre, chamado Lázaro, cheio de feridas, estava no chão, à porta do rico. 21Ele queria matar a fome com as sobras que caíam da mesa do rico.
E, além disso, vinham os cachorros lamber suas feridas.
22Quando o pobre morreu, os anjos levaram-no para junto de Abraão. Morreu também o rico e foi enterrado.
23Na região dos mortos, no meio dos tormentos, o rico levantou os olhos e viu de longe a Abraão, com Lázaro ao seu lado.
24Então gritou: ‘Pai Abraão, tem piedade de mim!
Manda Lázaro molhar a ponta do dedo para me refrescar a língua, porque sofro muito nestas chamas’.
25Mas Abraão respondeu: ‘Filho, lembra-te que tu recebeste teus bens durante a vida e Lázaro, por sua vez, os males. Agora, porém, ele encontra aqui consolo e tu és atormentado. 26E, além disso, há um grande abismo entre nós; por mais que alguém desejasse, não poderia passar daqui para junto de vós, e nem os daí poderiam atravessar até nós’.
27O rico insistiu: ‘Pai, eu te suplico, manda Lázaro à casa do meu pai, 28porque eu tenho cinco irmãos. Manda preveni-los, para que não venham também eles para este lugar de tormento’.
29Mas Abraão respondeu: ‘Eles têm Moisés e os Profetas, que os escutem!’
30O rico insistiu: ‘Não, Pai Abraão, mas se um dos mortos for até eles, certamente vão se converter’.
31Mas Abraão lhe disse: ‘Se não escutam a Moisés, nem aos Profetas, eles não acreditarão, mesmo que alguém ressuscite dos mortos’”.

— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor.

4. Hermenêutica


1. Conceito
A palavra 'hermenêutica' vem do verbo 'hermenêuein' (interpretar). E esta interpretação foi entendida diversamente através dos tempos. Por isso, temos três tipos de exegese: l. rabínica; 2. protestante; 3. católica.
2. Exegese Rabínica
Os judeus interpretavam a escritura ao pé da letra, por causa da noção de inspiração que tinham. Se uma palavra não tinha sentido perceptível imediatamente, eles usavam artifícios intelectuais, para lhes dar um sentido, porque todas as palavras da Bíblia tinham que ter uma explicação. O exemplo do paralítico é antológico: ele passara 38 anos doente. Por que 38? Ora, 40 é um número perfeito, usado várias vezes na vida de Cristo (antes da ressurreição, no jejum) ou também no AT (deserto, Sinai). Dois é outro número perfeito, porque os mandamentos (vontade) de Deus se resumem em "2": amar Deus e ao próximo. Portanto, tirando um número perfeito de outro, isto é, tirando 2 de 40 deve dar um número imperfeito (38) que é número de doença...
Alegoria pura: neste sentido se entende a condenação de certas teorias que apareceram e eram contrárias à Bíblia (caso de Galileu). Assim era a exegese antiga. No século XVIII, o racionalismo fez o extremo oposto desta doutrina: negaram tudo que tinha alguma aspecto de sobrenatural e mistério, e procuravam explicações naturais para os fatos incompreensíveis, assim por exemplo, dizendo que Cristo hipnotizava os ouvintes e os iludia dizendo que era milagre. JC não ressuscitou, mas ele apenas havia desmaiado na cruz, e quando tornou a si saiu do sepulcro... Talvez não o fizessem por maldade. Era por principio filosófico.
A Igreja primitiva herdou muito do rabinismo, no início, mas depois se libertou. Começaram por ver na Bíblia vários sentidos: literal, pleno e acomodatício. Literal: sentido inerente ás palavras, expressão pura e simples da idéia do autor; Pleno: fundado no literal, mas que tem um aprofundamento talvez nem previsto pelo autor. Deus pode ter colocado em certas palavras um significado mais profundo que o autor não percebeu, mas que depois se descobre. Deus, como autor, fez assim. A palavra do profeta se refere a uma situação histórica; a palavra de Deus se refere ao futuro. Acomodatício: é a acomodação a um sentido à parte que combina com as palavras. É a Bíblia aplicada à realidade apenas pela coincidência dos textos. Por exemplo, em Mt se lê "do Egito chamei meu filho"... para que se cumprisse a Escritura. Mas o sentido, ou seja, a aplicação original deste trecho não se referia à volta da Sagrada Família, mas sim à saída do Povo do Egito. Esta acomodação foi explorada demasiadamente pelos pregadores, que até abusaram disto. Outro exemplo de acomodação é a aplicação a Maria dos textos do livro da Sabedoria. Estes são mais literatura que Escritura. Todavia, crendo-se na inspiração, aceita-se que as palavras do autor podem ter uma significação mais profunda que a original.
3. Exegese Protestante
Surgiu do protesto de alguns cristãos contra a autoridade da Igreja como intérprete fiel da Bíblia. Lutero instituiu o princípio da "scritura sola" (traduzindo, a escritura sozinha), sem tradição, sem autoridade, sem outra prova que não a própria Bíblia. A partir daquele instante, os Protestantes se dedicaram a um estudo mais acentuado e profundo da Bíblia, antecipando-se mesmo aos católicos. Mas o princípio posto por Lutero contribuiu para um desastre hermenêutico, pois ele mesmo disse que cada um interpretasse a Bíblia como entendesse, isto é, como o Espirito Santo o iluminasse.
Isto fez surgir várias correntes de interpretação, que podem se resumir em duas: a conservadora e a racionalista. A conservadora parte daquele principio da inspiração = ditado, em que se consideram até os pontos massoréticos como inspirados. Não se deve aplicar qualquer método cientifico para entender o que está escrito. É só ler e, do modo que Deus quiser, se compreende. A racionalista foi influenciada pelo iluminismo e começou a negar os milagres. Daí passou à negação de certos fatos, como os referentes a Abraão. Afirmam que as narrações descritas, como provam o vocabulário, os costumes, são coisas de uma época posterior, atribuído àquela por ignorância. Esta, teoria teve muito sucesso e começaram a surgir várias 'vidas' de Jesus em que ele era apresentado como um pregador popular, frustrado, fracassado...
Outros ainda interpretavam o Cristianismo dentro da lógica hegeliana: São Paulo, entusiasmado, teria feito uma doutrina, que atribuiu a JC (tese); depois São João, com seu Evangelho constituiu a antítese; finalmente São Marcos fez a síntese. Hoje, porém, se sabe que Marcos é o mais antigo. Estes intérpretes se contradizem entre si, o que provocou uma certa desconfiança. Por fim, a própria arqueologia, em auxílio do Cristianismo, veio provar com a descoberta de vários documentos históricos que a Bíblia tinha razão: aqueles costumes, aquele vocabulário eram realmente daquela época, inclusive o uso dos nomes Abraão, Isaac também eram comuns no tempo. Isto e outras coisas serviram para desmentir tais idéias iluministas.
4. Exegese Católica
Inicialmente, apegou-se muito aos métodos tradicionais: usava mais a tradição e menos a Bíblia. Mesmo no século XIX, a tendência era ainda conservar a apologética, a defesa da fé. Foi o Padre Lagrange quem iniciou o movimento de restauração da exegese católica. Começou a comentar o AT com base na critica histórica. Mas foi alvo tantos protestos que não teve coragem de continuar. Em seguida, comentou o NT, e ainda hoje é autoridade no assunto. A Igreja Católica custou muito a perceber o seu atraso no estudo bíblico, e até bem pouco tempo ainda afirmava ser Moisés o autor do Pentateuco, quando os protestantes há mais de um século já descobriram que não.
O primeiro passo da nova exegese da Igreja Católica foi dado por Pio XII, em 1943, com a encíclica DIVINO AFFLANTE SPIRITU, na qual aprovou a teoria dos vários gêneros literários da Bíblia. Depois, em 1964, Paulo VI aprovou um estudo de uma comissão bíblica a respeito da história das formas (formgeschichte). E hoje em dia, tanto os exegetas católicos como os protestantes são a favor desta, e qualquer livro sério sobre o assunto traz este aspecto. Protestantes citam católicos e vice versa, sem nenhuma restrição.

3. Origem e Formação da Bíblia

1. Indícios e evidências históricas

O período histórico da formação da Bíblia situa-se entre 1100 a. C. ou 1200 a. C. a 100 d. C. Provavelmente, a mais antiga parte escrita da Bíblia é o Cântico de Débora, que se encontra no livro dos Juízes (Jz, 5).
Quando os hebreus chegaram a Canaã, já havia na terra um certo desenvolvimento literário, como por exemplo, o alfabeto fenício (do qual se derivou o hebraico), que já existia no século XIV a. C. Os judeus chegaram lá por volta do século XIII a.C. Outro documento desta época é o calendário de Gezér, que data mais ou menos do ano 1000 a.C. É uma indicação de datas para uso dos agricultores. É o documento mais antigo encontrado na Palestina. Outro documento também muito antigo é o sarcófago do Rei Airam, que contém uma inscrição e foi encontrado nos séculos XIV ou XV a. C., em Biblos. Há ainda umas tabuletas encontradas em Ugarit (em 1929), onde estão escritos uns poemas semelhantes aos salmos, datando dos séculos XIV ou XV a. C.
Além destes, há outros documentos provando que já havia uma escrita na Palestina, antes dos hebreus chegarem lá. A inscrição do túmulo de Siloé (700 a. C.), explicando como foi feito; os "óstracon", de Samaria, onde há uma espécie de carta diplomática, são documentos que provam a continuidade de uma atividade literária. Em Juizes 8,14, o autor descreve um acontecimento ocorrido mais ou menos em 1100 a.C. E em que língua foi escrito este fato pela primeira vez, na época em que aconteceu? Provavelmente no alfabeto fenício (pré-hebraico).
2. A tradição oral e a tradição escrita
A parte mais antiga da Bíblia remonta justamente deste tempo (1100 a.C.), quando a escrita ainda não estava bem definida, e é oral. Desde este tempo já se fora criando uma tradição, que existia oralmente e era transmitida aos novos pelos mais velhos nas reuniões que havia nos santuários. Por este tempo, só eram relatados os acontecimentos do deserto, do Sinai, da aliança de Deus com o povo. Mas os jovens queriam saber o que havia acontecido antes disto. Então foram sendo compostas as histórias dos Patriarcas. Mas, e antes deles, antes de Abraão? Passaram à história da criação do mundo. Por isso, se afirma que a parte mais antiga da Bíblia é o Cântico de Débora, no livro dos Juizes. A partir daí, fez-se um retrospecto didático-histórico.
Como dissemos, estas histórias iam sendo passadas oralmente de pai a filho, nos santuários. Acontece que nem todos iam para os mesmos santuários, o que motivou a existência de pequenas diferenças na catequese do norte e na do sul. A tradição do sul foi chamada de JAVISTA (J), pois Deus era tratado sempre por Javé; a do norte se chamou ELOISTA (E), porque Deus era tratado como Eloi.
A tradição oral existiu até os tempos de Daví, quando foi escrita a tradição javista; meio século depois, foi escrita também a eloista. Por volta de 721 a.C., na época, da divisão dos reinos, quando Samaria foi destruída pelos assírios, muitos sacerdotes do norte fugiram para o sul e levaram consigo a sua tradição. A partir de então, as duas foram compiladas num só escrito.
Falamos das duas tradições: uma do norte e outra do sul. Mas não existiam apenas estas duas, que são as principais. Há ainda a DEUTERONOMICA (D), encontrada casualmente em 622 a. C. por pedreiros, que trabalhavam num templo. Corresponde ao livro Deuteronômio da Bíblia atual. Após esta, surgiu a SACERDOTAL (P), nova compilação das catequeses antigas de Israel, datada do século VI a.C. Ao fim, estas quatro tradições foram combinadas entre si e compiladas em 5 volumes, dando origem ao Pentateuco da Bíblia atual. Na tradição Javista, Deus é antropomórfico. Na Sacerdotal, Deus é poderoso, está acima do tempo, o que significa um progresso no conceito de Deus que o povo tinha. A redação do Pentateuco se deu pelo ano 398 a.C. e compreendia a primeira parte da Bíblia judaica.
A partir de Josué, a tradição continuou oral, para ser escrita somente por volta de 550 a.C. E foram escritas do modo como o povo contava. Por isso não se pode dar a mesma importância histórica aos fatos descritos nestes livros em relação a outros posteriores, pois alguns fatos narrados foram baseados na tradição popular, enquanto que outros foram baseados em documentos de arquivos (anais do Reino). Este é um grande desafio para os estudiosos e também uma fonte de divergências.
3. Os Intérpretes - Profetas e Sábios
Durante muito tempo, os profetas foram os orientadores do povo de Deus. Os livros proféticos resumem os seus ensinamentos, e na sua maioria foram escritos só mais tarde, por seus seguidores. Somente por volta do ano 200 a.C. é que foram redigidos os livros proféticos. Os livros Sapienciais foram o resultado de um estilo literário que esteve em moda durante muito tempo, na época posterior ao exílio. São umas reflexões humanistico-religiosas. Passados os profetas, surgiram os sábios que raciocinavam sobre as coisas da natureza, tirando delas ensinamentos para a vida. Foram acrescentados aos livros sagrados nos últimos séculos a.C., sendo os mais recentes livros do AT.
4. A nova tradição da era cristã
O NT não foi escrito com a finalidade de ser acrescentado à Bíblia. No tempo de Cristo e dos Apóstolos, o livro sagrado era apenas o AT. O próprio Jesus Cristo se baseava nele em suas pregações. E Ele mandou apenas pregar, e não escrever. Foi quando uma nova tradição oral foi se formando. E após a morte de Cristo, os apóstolos saíram pregando.
Mas veio a necessidade de congregar outras pessoas para o anúncio, em vista do grande número de comunidades existentes. Então, começaram a escrever. Mais tarde, com a aceitação também de cidadãos estrangeiros nas comunidades, a mensagem precisou ser traduzida e adaptada. Além disso, o próprio povo necessitava de uma escrita (doutrina escrita) para se conservar una, após a morte dos Apóstolos. Esta redação, no início, era apenas de alguns escritos esparsos, que só depois de algum tempo foram juntos em livros. Exemplo disso está em Mc 2, uma série de disputas de JC com os Judeus, onde se vê claramente que foi recolhida de escritos separados. Também em João se lê: "Muitas outras coisas Jesus fez que não foram escritas..." (Jo 21,24) Isto significa que só foram escritas aquelas mensagens que teriam utilidade, conforme as necessidades momentâneas.
O evangelho de Marcos, o primeiro a ser escrito, data dos anos 60 ou 70 d.C.; os de Lucas e Mateus, são de 70 ou 80, o que significa que somente após uns 40 anos da morte de JC sua palavra começou a ser escrita. 0 Evangelho de João só foi escrito em torno do ano 100 d.C. Antigamente, se acreditava ser Mateus o autor do primeiro Evangelho. Mas a critica histórica mostra que o de Marcos foi anterior. Aliás, a respeito deste evangelho de Mateus, não se sabe ao certo quem é o seu autor. Foi atribuído a Mateus, apenas por uma tradição e também por uma praxe da época de se atribuir um escrito a alguém mais conhecido e famoso, para que a obra tivesse mais autoridade.
5. Entendendo algumas dificuldades concretas
Durante o tempo anterior á escrita dos Evangelhos, havia apenas a pregação dos Apóstolos, recordando os fatos da vida de Cristo, todavia eram fatos esparsos, sem nenhuma preocupação com seqüência ou unidade. Por isso os Evangelhos, que foram esta pregação escrita, se contradizem em algumas datas, o que mostra a pouca importância dada à cronologia. Os fatos eram recordados e aplicados, conforme as necessidades. Assim, até entre os Evangelhos sinóticos, que seguiram a mesma fonte, há diversificações. Por exemplo, no Sermão da Montanha, em Lucas fala "bem aventurados os pobres"; e em Mateus, "bem aventurados os pobres de espírito". A diferença consiste no seguinte: Lucas deu um sentido social, mais importante para as comunidades gregas, para as quais escrevia. Mas o de Mateus destinava-se às comunidades judias e queria combater uma doutrina dos judeus que tinham uma idéia falsa de pobreza. Para eles, o próprio fato de a pessoa ser pobre, já lhe garantia a salvação, enquanto outra pessoa, pelo simples fato de ser rica, já estava condenada. Por causa disso ele escreveu "pobres de espírito".
Outro ponto de discordância é o caso da cura de um cego. Mateus diz "um cego, na saída de Jericó"; e Lucas "dois cegos, na entrada de Jericó". 0 fato da 'entrada' e 'saída' pode ser explicado pela existência de duas cidades chamadas Jericó. 0 fato de serem um ou mais cegos explica-se pelo seguinte: era comum naquele tempo os cegos formarem grupos em torno de um cego-lider; e o nome deste geralmente era o do grupo. No entanto, estes detalhes pouco importam ao evangelho. 0 seu interesse é a apresentação da mensagem (evangélion = boa nova).
6. A fonte comum
Os Evangelistas sinóticos se basearam no Evangelho de Marcos e noutra fonte, convencionada por fonte "Q", simbolizando os inúmeros escritos esparsos de que já tratamos. Espalharam cópias destes por outras partes do mundo. Lucas, Mateus, cada um em lugares diferentes, se inspiraram nos escritos disponíveis e inclusive no evangelho de Marcos, que na época já havia sido escrito. O fato do primeiro Evangelho ser atribuído anteriormente a Mateus se deve a uma afirmação de Eusébio de que Mateus escrevera a "logia" do Senhor em aramaico. Mas a crítica histórica provou que o Evangelho que conhecemos não traz apenas a "logia" do Senhor e não foi escrito em aramaico, e sim em grego. Portanto a noticia de Eusébio se refere a outro escrito, e não a este evangelho. Nada impede, porém, que tenha sido escrito por discípulos de Mateus e atribuído ao Mestre. Aliás, a respeito de "Evangelho", o primeiro a usar esta palavra para indicar as memórias dos Apóstolos foi S. Justino, em 130 d.C.
7. As Cartas
As cartas de Paulo foram enviadas para serem lidas em público. Em I Tes 5, 27 há uma alusão a isto. Havia também o intercâmbio das cartas, como se lê em Col 4,16: "mostrem esta carta para Laodicéia e tragam a de lá para vocês". Aos poucos as cartas foram colecionadas, e no fim do I século já se tem notícia delas, quando em II Ped 3,15 se lê: "...nosso irmão Paulo vos escreveu conforme o dom que lhe foi dado... " As cartas de Paulo foram os primeiros escritos do NT. Não se sabe quando os Evangelhos e elas foram acoplados, mas já no fim do I século estavam reunidos num só livro.
As Epistolas Católicas (universais) são chamadas assim por se destinarem à Igreja em geral, e não a tal ou qual comunidade, como fizera Paulo. Elas também se originaram da necessidade pastoral, e já no começo do II século estavam incorporadas aos outros escritos do NT. Os Atos dos Apóstolos podem ser considerados a continuação do terceiro Evangelho, pois também foi escrito por Lucas. E o Apocalipse de S.João, livro profético, foi acrescentado por último.
Nos escritos do NT, freqüentemente se encontram citações do AT. É que muitas vezes os Apóstolos queriam tirar dúvidas sobre certas passagens, que tinham falsa interpretação. Nas assembléias, eram lidos escritos do AT e do NT, para explicá-los. Exemplo disto temos em I Tes 4,15; I Cor 7,10.25.40; At 15, 28; I Tim 5,18; Lc 10,7.
8. O Cânon Sagrado
No século IV, a Igreja se reuniu em Concilio em Nicéia, e uma das tarefas era organizar o "cânon", ou a lista de livros sagrados considerados autênticos. Neste Concilio, os livros foram estudados e se investigou quais os que sempre foram lidos nos cultos e sempre foram considerados legítimos. E se estabeleceu a ordem ainda hoje conservada. O motivo pelo qual alguns livros foram postos em dúvida era a grande quantidade de livros apócrifos, que fazia com que se duvidasse dos verdadeiros. Havia muitos livros que os judeus não aceitavam. Então os Ss. Padres ponderaram os prós e contras e definiram a lista que foi aprovada.


Conhecendo a Bíblia Sagrada

Um dos principais conceitos a ser examinado para uma melhor compreensão da Bíblia é o de inspiração. O que significa dizer que os livros bíblicos são inspirados, de onde vem esta inspiração, até que ponto o que é escrito representa a mensagem de Deus ou do hagiógrafo (escritor sagrado)? Ao longo da história, os estudiosos procuraram esclarecer este conceito básico e, é claro, sempre houve divergências entre eles. Apresentamos aqui algumas reflexões sobre este importante conceito.
Na inspiração distinguimos dois aspectos: dogmático e especulativo.
O dogmático pode ser expresso como resposta à pergunta: por que acreditamos que a Bíblia é um livro inspirado? Isto não se pode provar pela própria Bíblia. Busca-se então provar pelo fundamento histórico. Os evangelhos, por exemplo, são históricos. Há uma tradição desde os tempos dos Apóstolos que cita a Escritura como autoridade divina ( Mt 1, 22; Mt 22, 31; Mc 7,10; Jo 10, 35; At 1,16; Lc 22, 37; Heb 3, 7; 10,15 ). Em 2Tim 3,16, aparece pela primeira vez a palavra 'theopneustos', ou seja, inspirada por Deus.
O especulativo pode ser expresso como resposta à pergunta: em que consiste a inspiração? Este é mais complicado e será exposto com mais detalhes.
a) Modo da inspiração
É muito discutido o modo como se dá a inspiração do escritor sagrado. Bañez afirmou que era um ditado. Mas em II Mac 2, 19-23, o autor se refere a um resumo de 5 livros em um só, cujo resumo lhe custou "suores e noites de vigília". Como é que foi um ditado se houve o esforço dele para elaborar a síntese? Do mesmo modo Lucas (Lc l,1) escreve: "depois de haver diligentemente investigado tudo desde o principio, resolvi escrever... ", logo não foi simplesmente um 'ditado' da parte de Deus.
Em reação à teoria do ditado veio outra que disse o contrário: a inspiração é a aprovação que a Igreja dá ao livro. O fato estar colocado no cânon é a garantia da própria inspiração. Esta tese foi defendida por poucos e não teve grande aceitação nos meios católicos.
O Cardeal Franzelin propôs uma nova fórmula: nem tudo é de Deus nem tudo é do homem, mas as idéias são de Deus e as palavras são do homem. Obteve um certo sucesso, mas ainda não explicou de todo. Sto. Tomás de Aquino propusera a teoria da "causa instrumental": são os dois ao mesmo tempo - Deus e o Homem. Ambos estão presentes em toda a obra, Um é o autor principal e o outro o autor secundário. A inspiração eleva, sublima as faculdades do autor. Pode até ser admitida esta teoria, entretanto, convém lembrar que tudo que está na Bíblia é inspirado, embora nem tudo seja revelado.
b) Funcionamento psicológico da inspiração
Em II Mac, conforme mencionado acima, o autor se refere a um resumo do livro que um certo Jazão escreveu. De 5 volumes ele reduziu a um só. Como dizer que isto é palavra inspirada por Deus, como se explica aí a inspiração divina?
Comecemos por analisar as operações do intelecto: apreensão, juízo e raciocínio. Elas seguem um grau de aprofundamento e refinamento do saber. Pode-se ter uma inspiração de Deus logo no primeiro momento (na apreensão), como se pode ter depois, no juízo ou também nos dois. Quando a inspiração é logo na apreensão, se diz 'revelação'. Quando, como no caso do II Mac, a apreensão é do autor, a inspiração se dá no segundo momento, ou seja, no juízo, enquanto na apreciação que ele faz da obra está sendo iluminado pelo Espírito Santo. Na confecção destes livros, a questão da inspiração é que o autor estava iluminado pelo Espirito Santo para dizer o fato corretamente, sem poder errar no julgamento. Embora ele não esteja consciente disso, a ação do Espírito Santo está sendo exercida no seu intelecto.
Mas, pode-se questionar: como se sabe se ele foi ou não inspirado quando nem ele mesmo pode perceber isso? Aí passa a ser uma questão de fé. Tenta-se explicar o fato, mas não se afirma que seja assim. 0 discernir se o livro é ou não inspirado, dado o que acontece com o autor, é alçada da Igreja, que também é inspirada pelo Espírito Santo. É uma questão fundamentalmente de fé.
Por isso, para a definição do livros autênticos, reconhecidos pela Igreja Católica, os Cânones foram aprovados em Concílios, nos quais se discutiram certas dúvidas a respeito de alguns livros, se eram ou não inspirados. Nas discussões, procurou-se ver na historia da Igreja, desde os cristãos primitivos até aquela época, quais os livros que durante os séculos sempre foram lidos nas Igrejas e, baseada no consenso, ela constituiu o cânon. Sem dúvida, a tradição antiga é mais fidedigna, pois está mais próxima dos tempos apostólicos.
Mas, voltando ao conceito do juízo, ele pode ser especulativo ou prático. Especulativo quando tem por fim o verdadeiro; prático guando tem por fim o bem. No caso de Jonas, por exemplo, o juízo do autor não foi especulativo, mas prático. Jonas teve o sonho em que Deus o mandava pregar em Nínive. Ora, raciocinou ele, Javé é Deus de Israel, e não deve ser falado aos pagãos. Então tomou o navio para outro lugar, e aí entra a história da baleia... A finalidade do autor era convencer a todos que Javé era o Deus universal, contra uma certa corrente judia que negava fato, ou melhor, não gostava da idéia.
Para se entender cada página da Bíblia deve-se ter em mente a finalidade, a intenção do autor ao escrever cada parte do livro. Não se pode abrir o livro em qualquer parte e ler tudo com o mesmo espirito. Na antiga concepção de inspiração (ditado) não se considerava este problema. Tudo que lá estava se acreditava "ao pé da letra". Não se podia duvidar. Mas esta é hoje uma prática mais comum em algumas igrejas protestantes, geralmente praticada por pessoas com conhecimentos teológicos limitados e reducionistas.
Uma conseqüência direta da inspiração é o dom da inerrância. Se o livro é inspirado, logo o que contém é verdade. Porém esta verdade não está ali imediatamente evidente, ela precisa ser alcançada pela reflexão animada pela fé, ou seja, a razão e a fé ajudando-se mutuamente.


BÍBLIA SAGRADA

1. Prólogo

A Bíblia é um livro difícil. Difícil porque é antigo, foi escrito por orientais, que têm uma mentalidade bem diferente da greco-romana, da qual nós descendemos. Diversos foram os seus escritores, que viveram entre os anos 1200 a.C. a 100 d.C. Isso, sem contar que foi escrita em línguas hoje inexistentes ou totalmente modificadas, como o hebraico, o grego, o aramaico, fato este que dificulta enormemente uma tradução, pois muitas vezes não se encontram palavras adequadas.
Outra razão para se considerar a Bíblia um livro difícil é que ela foi escrita por muitas pessoas, ás vezes até desconhecidas e em situações concretas as mais diversas. Por isso, para bem entendê-la é necessário colocar-se dentro das situações vividas pelo escritor, o que é de todo impraticável. Quando muito, consegue-se uma aproximação metodológica deste entendimento.
Além do mais, a Bíblia é um livro inspirado e é muito importante saber entender esta inspiração, para haurir com proveito a mensagem subjacente em suas palavras. Dizer que a Bíblia é inspirada não quer dizer que o escritor sagrado (ou hagiógrafo) foi um mero instrumento nas mãos de Deus, recebendo mensagens ao modo psicográfico. É necessário entender o significado mais próprio da 'inspiração' bíblica, assunto que será abordado na continuação.
Entre os católicos, o interesse por conhecer a Bíblia praticamente começou após o Concílio Vaticano II, ou seja, a partir dos anos '60, enquanto os Protestantes há muito se interessam por estudá-la. Não quero adentrar aqui na histórica polêmica religiosa que cerca a leitura e a interpretação da Bíblia, ressuscitando vetustas divergências. Apenas vale salientar que uma série de enganos podem advir de uma interpretação bíblica literal, porque uma interpretação ao "pé da letra" não revela o sentido mais adequado de todas as palavras.
Para que não aconteça conosco incidir neste equívoco, devemos aprender a nos colocar na situação histórica de cada escritor em cada livro, conhecer a situação social concreta da sociedade em que ele viveu, procurar entender o que aquilo significou no seu tempo e só então tentar aplicar a sua mensagem ás nossas circunstâncias atuais.
1. O que é a Bíblia?
Definição do Concilio Vaticano II:
"A Bíblia é o conjunto de livros que, tendo sido escritos sob a inspiração do Espirito Santo, têm Deus como autor, e como tais foram entregues à Igreja".
TESTAMENTO (novo ou antigo): é a tradução da palavra hebraica "berite" que significa a aliança de Deus com o povo por Moisés. Na tradução dos 70 a palavra "berite" foi traduzida por "diatheke", que em grego quer dizer aliança, contrato, testamento.
OBS: A 'tradução dos 70' é uma das versões mais antigas da Bíblia. Segundo a tradição, este trabalho teria sido realizado por 70 sábios da antiguidade.
2. Quais as partes que compõem a Bíblia?
A Bíblia se divide em duas partes principais: o Antigo Testamento e o Novo Testamento. O Antigo refere-se ao período anterior a Jesus Cristo e o Novo se refere ao período cristão. Cada uma destas partes se compõe de diversos 'livros', escritos em épocas históricas diferentes. A seguir, a relação dos livros com uma breve referência ao conteúdo deles.
LIVROS DO ANTIGO TESTAMENTO
  1. Pentateuco (cinco primeiros livros: Gênesis, Êxodo, Levitico, Números, Deuteronômio)
  2. Josué (narra a entrada do povo de Deus na Palestina)
  3. Juizes (narra a conquista da Palestina)
  4. I e II de Samuel (relatos da época de Saul e Davi, continuação da conquista)
  5. I e II dos Reis (relatos sobre Salomão e seus sucessores)
  6. I e II das Crônicas (continuação dos relatos sobre os outros Reis)
  7. I e II dos Macabeus (continuação do período dos Reis)
  8. Livro de Rute (faz alusão ao universalismo. Noemi era pagã e se inseriu no povo de Deus).
  9. Livro de Tobias, Livro de Judite, Livro de Ester (pertencem ao gênero de contos. São livros do tempo do exílio, quando se apresentavam exemplos de abnegação ao povo oprimido, convidando-os a suportar o sofrimento).
  10. Livro de Isaías (cap.l a 39 são do próprio escritor; cap. 40 a 55 são de discípulos; cap.56 a 66 são de outros escritores posteriores)
  11. Livro de Jeremias (ditado por este a Baruc, seu secretário)
  12. Livro de Ezequiel (um dos profetas maiores)
  13. Livro de Daniel (tem um conteúdo apocalíptico )
  14. Livro de Jó (do gênero conto, procura demonstrar que não só os bons são felizes. Tem por objetivo combater uma idéia comum de que só os ricos eram os abençoados por Deus).
  15. Livros Sapienciais (Eclesiastes ou Qohelet; Eclesiástico ou Siráside; Provérbios, Sabedoria e Cântico dos Cânticos). São reflexões de cunho acentuadamente humanístico, aproveitamento do saber oriental.
  16. Livro dos Salmos (coleção de cantos litúrgicos).
  17. Profetas Menores: Oséias, Joel, Amós, Abdias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuc, Sofonias, Ageu, Zacarias, Malaquias (chamados menores não com relação à sua importância, mas ao tamanho de seus escritos).
LIVROS DO NOVO TESTAMENTO
  1. Evangelhos sinópticos (Mateus, Marcos e Lucas - têm muitas semelhanças entre si ).
  2. Evangelho de João (maior desenvolvimento teórico, influência filosófica de época)
  3. Atos dos Apóstolos (narram a missão dos apóstolos após a Ressurreição de Cristo)
  4. Epístolas de Paulo (historicamente, os primeiros escritos do NT)
  5. Epístolas Católicas (Pedro, Tiago, Judas): dirigidas a todos os fiéis, por isso, universais.
  6. Apocalipse (escrito por João, na base de códigos, símbolos).

quinta-feira, setembro 26, 2013

HOMILIA: 26/09/2013

Por que aquilo que nós fazemos não nos realiza? O Senhor, hoje, nos chama para que edifiquemos uma casa para Ele em nosso coração.
Na Palavra de Deus, que nos é dirigida no dia de hoje, eu queria chamar sua atenção para a primeira leitura do profeta Ageu, a qual nos diz: “Considerai, com todo coração, a conjuntura que estais passando: tendes semeado muito e colhido pouco, tende-vos alimentado e não vos sentis satisfeitos, bebeis e não vos embriagais; estais vestidos e não vos aqueceis; quem trabalha por salário, guarda-o em saco roto” (cf. Ag 1,5-6).
Parece que de tudo que estamos fazendo, nada nos deixa satisfeitos nem realizados, parece que a conjuntura das coisas que estamos vivendo, passando, não traz nenhuma realização para nós; e a Palavra de Deus é que está nos chamando à atenção: “Olhai para a vossa condição, olhai para o meio que a vossa vida se encontra”.
Por que é que nós não nos encontramos? Por que não encontramos satisfação? Por que aquilo que nós fazemos não nos realiza?
A Palavra de Deus nos chama à atenção para revermos primeiro: Estamos vivendo de coração? Estamos aplicando, de coração, aquilo que estamos fazendo ou estamos levando a vida, as coisas de qualquer jeito, vivendo por viver, fazendo por fazer, comendo por comer e não estamos dando qualidade às coisas que fazemos e realizamos? Temos de rever nossa postura, nossa posição, rever, realmente, a forma como nós fazemos as nossas coisas.
A segunda coisa: Qual tem sido a nossa postura para com Deus? Qual tem sido a nossa postura para com as coisas do Senhor? Estamos fazendo de qualquer jeito, de qualquer modo, estamos fazendo a nossa oração com a intensidade do nosso coração ou somos relaxados em nossas práticas espirituais? Fazemos de qualquer jeito quando dá e, às vezes, a nossa vida não assume uma postura de seriedade para com Deus e para com as coisas do Senhor?
O Senhor, hoje, nos chama para que, de todo o nosso coração, nós subamos ao monte e edifiquemos a casa d’Ele; edifiquemos uma casa para Ele em nosso coração.
Edificar uma casa para o Senhor, dentro de nós, dentro de nossa alma, do nosso coração significa “voltar-se ao Senhor por inteiro, não só pela metade, não só quando temos necessidade, mas com a intensidade do nosso ser”.
Deus abençoe você!

EVANGELHO: 26/09/2013

Evangelho (Lc 9,7-9)
— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Lucas.
— Glória a vós, Senhor.

Naquele tempo, o tetrarca Herodes ouviu falar de tudo o que estava acontecendo, e ficou perplexo, porque alguns diziam que João Batista tinha ressuscitado dos mortos.Outros diziam que Elias tinha aparecido; outros ainda, que um dos antigos profetas tinha ressuscitado. Então Hero­des disse: “Eu mandei degolar João. Quem é esse homem, sobre quem ouço falar essas coisas?” E procurava ver Jesus.

— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor.

SANTO DO DIA: SÃO COSME E DAMIÃO 26/09/2013

26SET2013

São Cosme e São Damião

Hoje, lembramos dois dos santos mais citados na Igreja: Cosme e Damião. Eram irmãos gêmeos, médicos de profissão e santos na vocação da vida. Viveram no Oriente e, desde jovens, eram habilidosos médicos. Com a conversão passaram a ser também missionários, ou seja, aproveitando a ciência com a confiança no poder da oração levavam a muitos a saúde do corpo e da alma.
Viveram na Ásia Menor, até que diante da perseguição de Diocleciano, no ano 300 da era cristã, foram presos pois eram considerados inimigos dos deuses e acusados de usar feitiçarias e meios diabólicos para disfarçar as curas. Tendo em vista esta acusação, a resposta deles era sempre:
“Nós curamos as doenças, em nome de Jesus Cristo e pelo Seu poder!”
Diante da insistência, quanto à adoração aos deuses, responderam: “Teus deuses não têm poder algum, nós adoramos o Criador do céu e da terra!”
Jamais abandonaram a fé e foram decapitados em 303. São considerados os padroeiros dos farmacêuticos, médicos e das faculdades de medicina.
São Cosme e São Damião, rogai por nós!

domingo, setembro 08, 2013

HOMILIA: NÃO ABANDONE A SUA CRUZ 08/09/2013

Queria que nós entendêssemos que para sermos discípulos de Jesus nós não podemos abandonar a nossa cruz. É o contrário, o discípulo é aquele que abraça a sua cruz, a sua condição de vida.
Disse Jesus: “Quem não carrega sua cruz e não caminha atrás de mim, não pode ser meu discípulo” (cf. Lc 14,27).
Na verdade, eu queria que nós entendêssemos que para sermos discípulos de Jesus nós não podemos abandonar a nossa cruz. É o contrário, o discípulo é aquele que abraça a sua cruz, a sua condição de vida.
A tentação faz com que algumas pessoas acreditem que seguir Jesus fará com que elas não tenham mais sofrimentos, não passará mais por dificuldades e sua vida será transformada. É verdade que Jesus transforma, muda a nossa vida, mas a transformação não significa não ter mais aflições, sofrimentos e dificuldades. Aqui, estamos falando da transformação de mentalidade.
Jesus abre a nossa mente para não fugirmos de nossas responsabilidades e nos ensinar a abraçar com amor e ternura aquilo que é próprio da nossa vida. Digo isso, porque você sabe que ser pai e mãe é uma cruz; sabe que o casamento é uma cruz, ser padre é também carregar uma cruz a cada dia.
O trabalho, o emprego, os estudos, a vida que levamos têm as dificuldades próprias de cada tempo, de cada situação, é por isso que nos bate a tentação do abandono, da tristeza, da dor, do desânimo, do cansaço e nos faz querer fugir das responsabilidades e dizer: “Agora eu vou ser de Deus!”.
O Senhor está nos dizendo: “Não fuja, abrace, carregue o que é seu, o que é da sua responsabilidade”. Às vezes, por causa das doenças, das enfermidades, das dificuldades econômicas e de todas as situações que passamos na vida, achamos que Deus nos abandonou. Muito pelo contrário, quando essas dificuldades baterem à nossa porta, quando alguma espécie de sofrimento vem ao nosso encontro, só podemos clamar: “Senhor, ajude-nos a carregar a nossa cruz de cada dia; ajude-nos a enfrentar esse novo desafio, essa nova aprovação, essa nova situação de vida pela qual estamos passando. Não nos permita desanimar, Senhor, nem correr da nossa cruz de cada dia”.
Peço que o bom Deus, o qual nos convida a um desapego, nos dê condição de olharmos para Ele e nos tornarmos Seus seguidores. Que esse mesmo Deus nos dê a força e a graça necessárias para carregarmos a nossa cruz de cada dia.
Que Deus nos dê ânimo, força, coragem e fortaleza, porque nós queremos ser discípulos de Jesus, e como bons discípulos, queremos carregar a nossa cruz de cada dia.
Deus abençoe você!

Evangelho (Lc 14,25-33) 08/09/2013



— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— PROCLAMAÇÃO do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Lucas.
— Glória a vós, Senhor!
Naquele tempo, 25grandes multidões acompanhavam Jesus. Voltando-se, ele lhes disse: 26“Se alguém vem a mim, mas não se desapega de seu pai e sua mãe, sua mulher e seus filhos, seus irmãos e suas irmãs e até da sua própria vida, não pode ser meu discípulo. 27Quem não carrega sua cruz e não caminha atrás de mim, não pode ser meu discípulo.
28Com efeito: qual de vós, querendo construir uma torre, não se senta primeiro e calcula os gastos, para ver se tem o suficiente para terminar? Caso contrário, 29ele vai lançar o alicerce e não será capaz de acabar. E todos os que virem isso começarão a caçoar, dizendo: 30‘Este homem começou a construir e não foi capaz de acabar!’
31Ou ainda: qual o rei que ao sair para guerrear com outro, não se senta primeiro e examina bem se com dez mil homens poderá enfrentar o outro que marcha contra ele com vinte mil? 32Se ele vê que não pode, enquanto o outro rei ainda está longe, envia mensageiros para negociar as condições de paz.
33Do mesmo modo, portanto, qualquer um de vós, se não renunciar a tudo o que tem, não pode ser meu discípulo!”

— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor.

SANTO DO DIA: FESTA DA NATIVIDADE DE NOSSA SENHORA

Natividade de Nossa Senhora

Hoje é comemorado o dia em que Deus começa a pôr em prática o Seu plano eterno, pois era necessário que se construísse a casa, antes que o Rei descesse para habitá-la. Esta “casa”, que é Maria, foi construída com sete colunas, que são os dons do Espírito Santo.
Deus dá um passo à frente na atuação do Seu eterno desígnio de amor, por isso, a festa de hoje, foi celebrada com louvores magníficos por muitos Santos Padres. Segundo uma antiga tradição os pais de Maria, Joaquim e Ana, não podiam ter filhos, até que em meio às lágrimas, penitências e orações, alcançaram esta graça de Deus.
De fato, Maria nasce, é amamentada e cresce para ser a Mãe do Rei dos séculos, para ser a Mãe de Deus. E por isso comemoramos o dia de sua vinda para este mundo, e não somente o nascimento para o Céu, como é feito com os outros santos.
Sem dúvida, para nós como para todos os patriarcas do Antigo Testamento, o nascimento da Mãe, é razão de júbilo, pois Ela apareceu no mundo: a Aurora que precedeu o Sol da Justiça e Redentor da Humanidade.
Nossa Senhora, rogai por nós!

NATIVIDADE DE NOSSA SENHORA - LAUDES

V. Vinde, ó Deus, em meu auxílio.R. Socorrei-me sem demora.
Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo.
Como era no princípio, agora e sempre. Amém. Aleluia.
Hino
Dona e Senhora da terra,
do céu Rainha sem par,
Virgem Mãe que um Deus encerra,
suave Estrela do mar!

Tua beleza fulgura,
cingida embora de véus,
pois nos trouxeste, tão pura,
o próprio Filho de Deus.

Hoje é o teu dia: nasceste;
vieste sem mancha à luz:
com teu natal tu nos deste
o do teu Filho Jesus.

Em ti celeste e terrena,
o nosso olhar se compraz,
Rainha santa e serena,
que a todos trazes a paz.

Louvado o Deus trino seja,
suba ao céu nosso louvor,
pois quis tornar Mãe da Igreja
a própria Mãe do Senhor.

Salmodia
Ant. 1 É hoje o nascimento da Virgem gloriosa,
descendente de Abraão e da tribo de Judá,
nobre Filha de Davi.
Salmo 62 (63), 2-9.

Sede de Deus
Vigia diante de Deus, quem rejeita as obras das trevas (cf. 1Ts 5,5)
— 2Sois vós, ó Senhor, o meu Deus!*
Desde a aurora ansioso vos busco!
= A minh'alma tem sede de vós,+
minha carne também vos deseja,*
como terra sedenta e sem água!
— 3Venho, assim, contemplar-vos no templo,*
para ver vossa glória e poder.
— 4Vosso amor vale mais do que a vida:*
e por isso meus lábios vos louvam.
— 5Quero, pois, vos louvar pela vida,*
e elevar para vós minhas mãos!
— 6A minh'alma será saciada,*
como em grande banquete de festa;
— cantará a alegria em meus lábios,*
ao cantar para vós meu louvor!

7Penso em vós no meu leito, de noite,*
nas vigílias suspiro por vós!
— 8Para mim fostes sempre um socorro;*
de vossas asas à sombra eu exulto!
— 9Minha alma se agarra em vós;*
com poder vossa mão me sustenta.
Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo.
Como era no princípio, agora e sempre. Amém.
Ant. É hoje o nascimento da Virgem gloriosa,
descendente de Abraão e da tribo de Judá,
nobre Filha de Davi.
Ant. 2 Ao nascer a santa Virgem,
iluminou-se o mundo inteiro:
feliz estirpe, raiz santa, e bendito é o seu Fruto.
No cânticos que se segue o refrão entre parênteses é opcional.
Cântico Dn 3,57-88.56
Louvor das criaturas ao Senhor
Louvai o nosso Deus, todos os seus servos (Ap 19,5)
57Obras do Senhor, bendizei o Senhor,*
louvai-o e exaltai-o pelos séculos sem fim!
58Céus, bendizei o Senhor!
59Anjos do Senhor, bendizei o Senhor!
(R. Louvai-o e exaltai-o pelos séculos sem fim!
Ou
R. 
A ele glória e louvor eternamente)
60Águas do alto céu, bendizei o Senhor!*
61Potências do Senhor, bendizei o Senhor!
62Lua e sol, bendizei o Senhor!*
63Astros e estrelas bendizei o Senhor!
(R.)
64Chuvas e orvalhos, bendizei o Senhor!*
65Brisas e ventos, bendizei o Senhor!
66Fogo e calor, bendizei o Senhor!*
67Frio e ardor, bendizei o Senhor!
(R.)
68Orvalhos e garoas, bendizei o Senhor!*
69Geada e frio, bendizei o Senhor!
70Gelos e neves, bendizei o Senhor!*
71Noites e dias, bendizei o Senhor!
(R.)
72Luzes e trevas, bendizei o Senhor!*
73Raios e nuvens, bendizei o Senhor!
-74Ilhas e terra, bendizei ao Senhor!*
Louvai-o e exaltai-o pelos séculos sem fim!
(R.)
75Montes e colinas, bendizei o Senhor!*
76Plantas da terra, bendizei o Senhor!
77Mares e rios, bendizei o Senhor!*
78Fontes e nascentes, bendizei o Senhor!
(R.)
79Baleias e peixes, bendizei o Senhor!*
80Pássaros do céu, bendizei o Senhor!
81Feras e rebanhos, bendizei o Senhor!*
82Filhos dos homens, bendizei o Senhor!
(R.)
83Filhos de Israel, bendizei o Senhor!*
Louvai-o e exaltai-o pelos séculos sem fim!
84Sacerdotes do Senhor, bendizei o Senhor!*
85Servos do Senhor, bendizei o Senhor!
(R.)
86Almas dos justos, bendizei o Senhor!*
87Santos e humildes, bendizei o Senhor!
88Jovens Misael, Ananias e Azarias, *
louvai-o e exaltai-o pelos séculos sem fim!
(R.)
- ao Pai e ao Filho e ao espírito Santo*
louvemos e exaltemos pelos séculos sem fim!
56Bendito sois, Senhor, no firmamento dos céus!*
Sois digno de louvor e de glória eternamente!
(R.)

No fim deste cântico não se diz Glória ao Pai
Ant. Ao nascer a santa Virgem,
iluminou-se o mundo inteiro:
feliz estirpe, raiz santa, e bendito é o seu Fruto.
Ant. 3 Com alegria celebremos o nascimento de Maria,
para que ela interceda por nós todos junto ao Cristo.
Salmo 149

A alegria e o louvor dos santos
Os filhos da Igreja, novo povo de Deus, se alegrem no seu Rei Cristo Jesus (Hesíquio)
 1Cantai ao Senhor Deus um canto novo,*
e o seu louvor na assembleia dos fiéis!
— 2Alegre-se Israel em quem o fez,*
e Sião se rejubile no seu Rei!
— 3Com danças glorifiquem o seu nome,*
toquem harpa e tambor em sua honra!
— 4Porque, de fato, o Senhor ama seu povo*
e coroa com vitória os seus humildes.
— 5Exultem os fiéis por sua glória,*
e cantando se levantem de seus leitos,
— 6com louvores do Senhor em sua boca*
e espadas de dois gumes em sua mão,
— 7para exercer sua vingança entre as nações,*
e infligir o seu castigo entre os povos,
— 8colocando nas algemas os seus reis,*
e seus nobres entre ferros e correntes,
— 9para aplicar-lhes a sentença já escrita:*
Eis a glória para todos os seus santos.
Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo.
Como era no princípio, agora e sempre. Amém.
Ant. Com alegria celebremos o nascimento de Maria,
para que ela interceda por nós todos junto ao Cristo.
Leitura breve Is 11,1-3a 
Nascerá uma haste do tronco de Jessé e, a partir da raiz, surgirá o rebento de uma flor;
sobre ele repousará o espírito do Senhor: espírito de sabedoria e discernimento, espírito
de conselho e fortaleza, espírito de ciência e temor de Deus; no temor do Senhor
encontra ele seu prazer.

Responsório breve 
R. O Senhor a escolheu,
Entre todas preferida. R. O Senhor a escolheu.
V. O Senhor a fez morar em sua santa habitação.
Entre todas. Glória ao Pai. R. O Senhor a escolheu.

CÂNTICO EVANGÉLICO(BENEDICTUS) Lc 1,68-79
Ant. Vosso natal, ó Mãe de Deus, alegrou o mundo inteiro:
de vós nasceu o Sol da justiça, Jesus Cristo, nosso Deus,
que nos trouxe a grande bênção; dissolvendo a maldição
e humilhando a própria morte, deu-nos vida sempiterna.
O Messias e seu Precursor
68 Bendito seja o Senhor Deus de Israel, *
porque a seu povo visitou e libertou;
69 e fez surgir um poderoso Salvador *
na casa de Davi, seu servidor,

70 como falara pela boca de seus santos, *
os profetas desde os tempos mais antigos,
71 para salvar-nos do poder dos inimigos *
e da mão de todos quantos nos odeiam.

72 Assim mostrou misericórdia a nossos pais, *
recordando a sua santa Aliança
73 e o juramento a Abraão, o nosso pai, *
de conceder-nos 
74 que, libertos do inimigo,
= a ele nós sirvamos sem temor † 
75 em santidade e em justiça diante dele, *
enquanto perdurarem nossos dias.

=
76 Serás profeta do Altíssimo, ó menino, †
pois irás andando à frente do Senhor *
para aplainar e preparar os seus caminhos,
77 anunciando ao seu povo a salvação, *
que está na remissão de seus pecados;

78 pela bondade e compaixão de nosso Deus, *
que sobre nós fará brilhar o Sol nascente,
79 para iluminar a quantos jazem entre as trevas *
= e na sombra da morte estão sentados 
e para dirigir os nossos passos, *
guiando-os no caminho da paz.

– Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. *
Como era no princípio, agora e sempre. Amém.
Ant. Vosso natal, ó Mãe de Deus, alegrou o mundo inteiro:
de vós nasceu o Sol da justiça, Jesus Cristo, nosso Deus,
que nos trouxe a grande bênção; dissolvendo a maldição
e humilhando a própria morte, deu-nos vida sempiterna.
Preces 
Celebremos nosso Salvador, que se dignou nascer da Virgem Maria; e peçamos:

R. Senhor, que a vossa Mãe interceda por nós! 

Sol de justiça, a quem a Virgem Imaculada precedeu como aurora resplandecente,
 concedei que caminhemos sempre à luz da vossa presença. R. 

Palavra eterna do Pai, que escolhestes Maria como arca incorruptível para vossa morada,
 livrai-nos da corrupção do pecado. R. 

Salvador do mundo, que tivestes vossa Mãe junto à cruz,
 concedei-nos, por sua intercessão, a graça de participar generosamente nos vossos sofrimentos. R. 

Jesus de bondade, que, pregado na cruz, destes Maria por Mãe a João,
 fazei que vivamos também como seus filhos. R. 

(intenções livres) 
Pai nosso.
Oração 
Abri, ó Deus, para os vossos servos e servas os tesouros da vossa graça: e assim como a
maternidade de Maria foi a aurora da salvação, a festa do seu nascimento aumente em
nós a vossa paz. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
Conclusão da Hora

 O Senhor nos abençoe,
nos livre de todo o mal
e nos conduza à vida eterna. Amém.