sexta-feira, março 02, 2012

Como eu trato as pessoas com as quais eu convivo?

Segundo o evangelista Mateus, é importante a consciência de que “a ira do homem não realiza a justiça de Deus” (Tg 1,20) e que é pela prática da justiça divina que a sua vida é restaurada sobre a terra. Isto é tão fundamental que se torna imprescindível na vida existencial do homem e extensivo a todas as outras práticas, no seu dia a dia, para tornar possível a convivência dos homens entre si e entre o meio ambiente.
“Ouvistes o que foi dito…”, “Eu, porém, vos digo…”. Jesus não pretende “reformar” a complexa doutrina do Judaísmo. Ele veio nos ensinar a viver em plenitude a Lei de Deus e nos adverte que a nossa justiça deve ser maior do que a dos mestres e dos fariseus que viviam na rigidez da Lei, mas se esqueciam de que o maior mandamento do Senhor era justamente o amor; também se esqueceram de que, mais importante que a Lei em si, é o bom relacionamento entre as pessoas.
Muitas vezes, nós também, como os escribas e fariseus, nos apegamos ao que a Lei nos exorta: “não fazer”. Ficamos, então, alerta para não cometer as faltas mais graves como matar, roubar, adulterar, ter maus pensamentos, etc. “Todo aquele que se encoleriza com o seu irmão será réu de juízo.”
O desejo primeiro de Deus, ao criar os seres humanos, é que estes vivam na mais perfeita comunhão, deixando de lado tudo quanto possa dividi-los e separá-los pelo muro da inimizade. O ódio e a divisão constituem flagrante desrespeito à vontade divina.
O homicídio é uma forma incontestável de ruptura com o próximo, culminando com a sua eliminação. Para evitar isso, Deus condenou, definitivamente, esse crime com o mandamento: “Não matarás”.
Todavia, a eliminação física do próximo é antecedida por outros gestos de eliminação de igual gravidade. Por exemplo, a simples irritação contra os outros e as palavras ofensivas contra eles são formas sutis de atentar contra a vida alheia. O discípulo do Reino não pode agir desta maneira.
A Palavra de Deus – que Jesus veio esclarecer para nós – vai além das coisas que praticamos, mas atinge também o que nós pensamos, falamos ou expressamos a partir do nosso coração. Assim sendo, não podemos chamar os nossos irmãos e irmãs de “tolos” nem mesmo de ”idiotas”.
Quanto ensinamento para nós!
A oferta que fazemos ao Senhor será desnecessária se, primeiro, não oferecermos a nossa compreensão e perdão às pessoas com as quais nos relacionamos. Enquanto caminhamos, aproveitemos o conselho do Mestre para que a nossa justiça seja maior do que a justiça dos “mestres da Lei” e dos “fariseus” de hoje.
Como é a nossa justiça? O que é justo para Deus? A justiça de Deus é o amor, o perdão e a reconciliação. Mas e a nossa? Fazemos as nossas ofertas no altar do Senhor, mas como está o nosso coração? Reflita agora: “Como eu trato as pessoas com as quais convivo?”.
Você tem o costume de “falar mal” dos outros e faz isso “de coração”? Já pensou que, quando você faz a oferta do seu coração, na hora da Santa Missa, ele pode estar sujo pela falta de perdão, da ofensa feita, do ódio por alguém?
A reverência a Deus passa pelo respeito ao próximo.
Na liturgia de hoje, Jesus exige de mim e de você – como Seus discípulos – a reconciliação com o próximo antes de fazer a próxima oferenda a Deus. Se alguém está para fazer sua oferta, mas se recorda de algum desentendimento com o próximo, deverá deixá-la aos pés do altar e reconciliar-se, antes, com o Senhor. Caso contrário, a oferta não terá valor perante Deus.
O Senhor vem nos revelar que qualquer doutrina ou lei só tem valor à medida que contribui para a libertação e a promoção da vida. Jesus não propõe uma doutrina, mas ensina a prática restauradora da vida. A grande novidade que Ele nos ensina, hoje, é o perdão sem limites e a reconciliação, pois são estes que nos levam à comunhão de vida com Deus e com os irmãos.
Por isso, quero, Senhor Jesus, que me ensine a perdoar meus irmãos e irmãs para, assim, estar em comunhão com o Seu Sacratíssimo Coração e com o coração do meu próximo.
Padre Bantu Mendonça

Reino Unido: tributação afeta obras sociais da Igreja


Armagh, 01 mar (SIR) – “A nossa principal preocupação como líderes das Igrejas é a de esclarecer as consequências sobre o povo da Irlanda do Norte das reformas em matéria trabalhista e previdenciária que são aprovadas no Parlamento de Londres”.
 É o card. Sean Brady, arcebispo católico de Armagh e primaz da Irlanda, a explicar assim as razões que há vários meses estão unidos todos os líderes cristãos norte-irlandeses em ser “voz dos mais pobres” e das preocupações que aumentam na Irlanda do Norte com as reformas trabalhistas e previdenciárias iniciadas pelo governo inglês.
Ontem à noite, as Igrejas cristãs organizaram um encontro-debate com a participação do secretário de Estado para a Irlanda do Norte Hon Owen Paterson e o ministro para o desenvolvimento social Nelson McCausland. Os líderes cristãos, animadores da iniciativa, eram – além do card. Brady – o arcebispo anglicano Alan Harper, o moderador da Igreja presbiteriana Ivan Patterson, o presidente da Igreja metodista Ian Henderson e o presidente do Conselho irlandês das Igrejas Richard Clarke. “Queremos desafiar com respeito – afirmou ontem à noite o card. Brady – os que detém a autoridade na sociedade civil a agirem com justiça e demonstrar compaixão em favor dos mais necessitados.
Aqueles que tem menos possibilidades de sobreviver, não deveriam ser os mais afetados com os cortes orçamentais”. “Queremos expressar nossa preocupação – afirmou o cardeal – diante das consequências potencialmente dramáticas e negativas sobre muitas pessoas pobres da nossa sociedade e sobre toda a economia da Irlanda do Norte”. O “Instituto de Estudos Fiscais”, por exemplo, já advertiu que depois de Londres, será a Irlanda do Norte a área mais atingida com estas reformas.
A perda de incentivos fiscais está calculada num total de R$ 1,3 bilhão até 2015, interessando, portanto, milhares de pessoas em todos os setores da sociedade. “Como líderes das Igrejas – acrescentou o arcebispo – pedimos esclarecimento sobre como tal política possa funcionar num momento de recessão econômica e de aumento do desemprego”. “Em particular manifestamos preocupação pelas implicâncias” que a Reforma pode ter sobre “a pobreza infantil na Irlanda do Norte”, área onde já se percebe um aumento da pobreza infantil.
“Apresentamos um apelo especial ao Secretário de Estado – sublinhou o cardeal – para serem dadas garantias que toda reforma introduzida esteja acompanhada por medidas de proteção a fim de atenuar o aumento da pobreza infantil na Irlanda do Norte”.

Noticias Religião

Nomeação de Ministro: a Igreja Católica está sendo excluída do Governo do PT

Novo ministro é sobrinho de Edir Macedo, Bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus. O senador Marcelo Crivella, 54, é conhecido por suas posições conservadoras.
Brasília, 01 - A indicação do senador evangélico Marcelo Crivella (PRB) para o Ministério da Pesca e Aquicultura confirma, entre outras coisas, o enfraquecimento da influência dos setores progressistas da Igreja Católica no governo.

Uma das intenções do presidente Luiz Lula Inácio da Silva (PT), ao criar a pasta, em 2003, era acolher na sua equipe o pensamento das pastorais sociais da Igreja, que sempre estiveram na base do seu partido. Uma dessas pastorais, a dos pescadores, foi um dos fatores que inspiraram a criação do ministério.

A pastoral existe desde 1970, tendo se fortalecido em Pernambuco, Paraíba, São Paulo e Santa Catarina. Seus agentes defendem os direitos sociais de pequenos pescadores e estimulam a criação de novos meios de geração de renda entre eles.

Foram esses princípios que o primeiro titular da pasta, o catarinense José Fritsch, defendeu em sua gestão, entre 2003 e 2006. Petista histórico, ele iniciou a carreira política numa dessas pastorais sociais, a Comissão Pastoral da Terra, e manteve-se fiel a elas durante todo o tempo de governo. Na opinião de bispos ligados à área social, foi o melhor ministro até agora.

O segundo titular, Altemir Gregolin, também era petista e catarinense. Embora não tão próximo da Igreja, manteve os rumos do antecessor.

O quadro mudou de maneira brusca com a posse de Dilma Rousseff. Ela ofereceu o ministério como prêmio de consolação a Ideli Salvatti, após a senadora ter sido derrotada nas eleições para o governo de Santa Catarina.

Ideli permaneceu no cargo cinco meses. Foi substituída por Luiz Sérgio Nóbrega de Oliveira, que acaba de ser trocado por Crivella.

Outro fator que confirma o declínio dos católicos progressistas é a decisão de afastar Gilberto Carvalho da interlocução com os evangélicos. Para quem não se lembra, a formação política do titular da Secretaria-Geral da Presidência também se deu nas pastorais sociais da Igreja.
O Estado de S. Paulo, 01-03-2012.