segunda-feira, dezembro 12, 2016

Charles nasceu em 1858. Morreu assassinado na Argélia, em 1916, aos 58 anos. Tinha sido oficial do exército francês e comandou expedições militares na África. Aos 28 anos, converteu-se ao Evangelho de Jesus. Ingressou num mosteiro trapista das Irmãs Clarissas em Nazaré. Não satisfeito, retirou-se para uma vida simples e oculta, a exemplo de Jesus. Retornou, mais tarde, para a Argélia e ali, no seguimento radical do Mestre, tornou-se monge sem convento, em contato direto com as populações tuaregs, até ser assassinado.

Vivemos numa época em que a Igreja está a tornar-se uma minoria em muitos países tradicionalmente considerados cristãos. Ao mesmo tempo, está a espalhar-se pela Igreja a consciência e a necessidade dum testemunho evangélico por parte de muitas pessoas que, com humildade, sem arrogância e no escondimento, sabem viver e anunciar o Evangelho a sectores da sociedade que vivem em situações aparentemente extremas e paradoxais. O beato Charles de Foucauld foi certamente um cristão que soube interpretar e proclamar o Evangelho utilizando a eloquência do silêncio, a força da fraqueza e a sabedoria da loucura da cruz.

Charles de Foucauld nem sempre foi homem “perfeito”. Pelo contrário, a sua conduta foi por muitos anos oposta aos padrões cristãos tradicionais. Era filho do seu tempo, com muitas fraquezas. Mas um dia, o encontro com Deus causou nele uma revolução tão grande que foi impelido a iniciar uma caminhada decisiva para a santidade – original, definitiva, sem olhar para trás. Ele continua a interpelar-nos também a nós ainda hoje, convidando-nos a deixar a nossa rigidez, as fronteiras tranquilizadoras ou os pequenos confortos espirituais, para responder aos inúmeros desafios que ele enfrentou, mesmo que nem sempre tenha podido cantar vitória. O seu testemunho provoca-nos a que revejamos talvez até muitos aspectos da nossa vida e da nossa missão e a pôr em prática um empenho mais decidido na procura da santidade neste primeiro ano do biénio que irá testemunhar o nosso esforço por atingirmos esta meta.


Durante esta minha reflexão convosco deixarei que o Beato Charles de Foucauld fale por si, para que nos revele a sua vida, a sua relação com Jesus, a sua caminhada de discernimento e de consagração a Deus enquanto missionário dos Tuaregues do Sara. Para nós vai a tarefa de nos deixarmos contagiar pelo seu testemunho de vida e de santidade.

Nenhum comentário: