segunda-feira, dezembro 12, 2016

Imitação do “nosso muito amado Senhor Jesus”

«Quem quiser viver segundo a espiritualidade de Nazaré terá como regra perguntar-se a todo o momento sobre que pensaria, diria e faria Jesus se estivesse no seu lugar, e fazê-lo. Esforçar-se-á continuamente por se tornar cada vez mais semelhante ao Nosso Senhor Jesus tomando como modelo a sua vida de Nazaré, que nos serve de exemplo para todas as situações». O beato Charles de Foucauld, desde que se converteu, recebeu a graça duma profunda amizade com Cristo, a pontos de não ter senão um desejo: o de ser como Ele. É ele próprio quem o diz numa sua meditação, cinco meses antes da sua morte: «Ficar sempre em último lugar: “Quando vos convidarem a um banquete, sentai-vos sempre no último lugar”. Foi isto que Ele fez, ao participar no banquete da vida, e fê-lo até à morte».



Adoração eucarística

A Eucaristia, que marcou a sua vida desde o momento da conversão, sempre permaneceu como centro da sua oração. Passava longas horas em adoração diante da Presença eucarística, na companhia do seu “muito amado irmão e Senhor Jesus”. Pouco a pouco, diante da Eucaristia, foi amadurecendo na sua vocação sacerdotal, para oferecer este “divino banquete…aos estropiados, aos cegos e aos pobres, quer dizer, às almas que não têm sacerdotes”. Construiu em Beni-Abbés uma capela e decorou-a ele próprio, desenhando na tela um Cristo que abre os braços a receber, abraçar e chamar todos os homens e a dar-se a eles. É naquele sítio que ele passa longas horas, do dia e da noite, em adoração ou em meditação. Vive com ele na sua habitação e mantém com Ele um diálogo contínuo de amigo para amigo, um diálogo que continua ao longo da noite ou nas viagens pelo deserto.



Opção preferencial pelos pobres

«A opção pelos mais pobres será a tarefa da minha vida. Envidarei todos os esforços sobretudo pela conversão daqueles que são espiritualmente mais pobres, isolados, cegos, as almas mais abandonadas, as mais doentes, as ovelhas mais desesperadas».

Quando em Beni-Abbés, poucos dias antes da sua chegada, se deu conta da miséria material e moral do lugar, decidiu que o seu primeiro trabalho seria “ajudar os escravos” que eram tratados com muita dureza pela população. O segundo trabalho seria acolher os viajantes pobres. Por fim, iria oferecer instrução escolar às crianças que ficavam sozinhas todo o dia.


Optar pelos pobres não é porém a mesma coisa que amar os pobres. Optar por eles equivale a viver no seu mundo e manifestar-lhes um amor crítico, solidário e empenhado. O Beato Charles de Foucauld estava convencido de que é preciso não apenas ter grande amor pelos pobres, mas sim ter um amor que parte dos pobres e estabelece com eles uma aliança estável. E assim, perante o seu confessor, fez voto de nada possuir para seu uso pessoal senão quanto um pobre operário também tivesse. E cultivava no coração o projeto de fundar uma nova Congregação com a finalidade de «viver o mais exatamente possível a vida de Nosso Senhor, vivendo unicamente do trabalho das próprias mãos […], não possuindo nada […]. Não formar senão apenas pequenos grupos […], e espalhar-se sobretudo por países não cristãos».

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