Imitação do “nosso muito amado Senhor Jesus”
«Quem quiser viver segundo a espiritualidade de Nazaré terá
como regra perguntar-se a todo o momento sobre que pensaria, diria e faria
Jesus se estivesse no seu lugar, e fazê-lo. Esforçar-se-á continuamente por se
tornar cada vez mais semelhante ao Nosso Senhor Jesus tomando como modelo a sua
vida de Nazaré, que nos serve de exemplo para todas as situações». O beato
Charles de Foucauld, desde que se converteu, recebeu a graça duma profunda
amizade com Cristo, a pontos de não ter senão um desejo: o de ser como Ele. É
ele próprio quem o diz numa sua meditação, cinco meses antes da sua morte:
«Ficar sempre em último lugar: “Quando vos convidarem a um banquete, sentai-vos
sempre no último lugar”. Foi isto que Ele fez, ao participar no banquete da
vida, e fê-lo até à morte».
Adoração eucarística
A Eucaristia, que marcou a sua vida desde o momento da
conversão, sempre permaneceu como centro da sua oração. Passava longas horas em
adoração diante da Presença eucarística, na companhia do seu “muito amado irmão
e Senhor Jesus”. Pouco a pouco, diante da Eucaristia, foi amadurecendo na sua
vocação sacerdotal, para oferecer este “divino banquete…aos estropiados, aos
cegos e aos pobres, quer dizer, às almas que não têm sacerdotes”. Construiu em
Beni-Abbés uma capela e decorou-a ele próprio, desenhando na tela um Cristo que
abre os braços a receber, abraçar e chamar todos os homens e a dar-se a eles. É
naquele sítio que ele passa longas horas, do dia e da noite, em adoração ou em
meditação. Vive com ele na sua habitação e mantém com Ele um diálogo contínuo
de amigo para amigo, um diálogo que continua ao longo da noite ou nas viagens
pelo deserto.
Opção preferencial pelos pobres
«A opção pelos mais pobres será a tarefa da minha vida.
Envidarei todos os esforços sobretudo pela conversão daqueles que são
espiritualmente mais pobres, isolados, cegos, as almas mais abandonadas, as
mais doentes, as ovelhas mais desesperadas».
Quando em Beni-Abbés, poucos dias antes da sua chegada, se
deu conta da miséria material e moral do lugar, decidiu que o seu primeiro
trabalho seria “ajudar os escravos” que eram tratados com muita dureza pela
população. O segundo trabalho seria acolher os viajantes pobres. Por fim, iria
oferecer instrução escolar às crianças que ficavam sozinhas todo o dia.
Optar pelos pobres não é porém a mesma coisa que amar os
pobres. Optar por eles equivale a viver no seu mundo e manifestar-lhes um amor
crítico, solidário e empenhado. O Beato Charles de Foucauld estava convencido
de que é preciso não apenas ter grande amor pelos pobres, mas sim ter um amor
que parte dos pobres e estabelece com eles uma aliança estável. E assim,
perante o seu confessor, fez voto de nada possuir para seu uso pessoal senão
quanto um pobre operário também tivesse. E cultivava no coração o projeto de
fundar uma nova Congregação com a finalidade de «viver o mais exatamente possível
a vida de Nosso Senhor, vivendo unicamente do trabalho das próprias mãos […],
não possuindo nada […]. Não formar senão apenas pequenos grupos […], e
espalhar-se sobretudo por países não cristãos».
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