segunda-feira, dezembro 12, 2016

Uma caminhada sobre ondas

Para bem compreender o Beato Charles de Foucauld é preciso lembrar que ele foi um homem totalmente dominado por Deus. Tal como ele confessou: «Tão logo compreendi que Deus existe, compreendi que nada mais podia fazer que viver para Ele: a minha vocação religiosa nasceu ao mesmo tempo que a minha fé; Deus é tão grande! E entre Deus e tudo aquilo que não é Deus há uma diferença tão grande! ». Assim, renovou a sua opção radical pela “sequela” (ou seguimento) de Cristo, em etapas bem distintas: através do encontro com os lugares santos, na austeridade da Trapa, no serviço humilde em Nazaré. Para si só queria a oração, a pobreza, a penitência, enquanto que aos outros dava o tesouro do amor que ardia no seu coração. Depois da ordenação sacerdotal (1901) e da vivência de Beni-Abbés, estabelecer-se-ia definitivamente em Tamanrasset (1905), em pleno deserto, para dedicar a sua vida aos Tuaregues.

Escolheu portanto um “modo novo” de viver a sua vocação, que poderíamos chamar de “paradoxal”. Foi monge sem mosteiro, mestre sem discípulos, eremita entre as pessoas para as levar a Jesus. Como fundador, escreveu várias Regras que só depois da sua morte iriam dar origem a novas Famílias Religiosas.


O maior paradoxo foi o de ter colocado as suas passadas exatamente sobre as pegadas de Jesus. O testemunho de santidade que ele oferece à Igreja e ao mundo está marcado por um estilo singular de “sequela” que se poderia chamar de “coincidência dos opostos”: contemplação e ação, paragem solitária com Deus e dedicação incondicionada aos irmãos, aniquilação da cruz e amizade fraterna, heroicidade de vida e necessidade incontrolável de o anunciar aos outros. Enamorado de Jesus, quis segui-lo, imitá-lo e anunciá-lo até aos últimos confins da terra e até ao fim dos séculos.

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